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Ano termina com mais de 600 mil empresas encerradas. Por quê?

Quem tem veia empreendedora e algum saldo ou crédito no banco, muitas vezes se joga na experiência de abrir o próprio negócio, apostando na própria coragem para driblar a falta de vagas de emprego no mercado formal.

Para o profissional autônomo e para o microempreendedor, no entanto, a jornada em busca da obtenção de lucro e sucesso depende, principalmente, da capacidade analítica para realizar a precificação dos produtos, o custo do tempo, o estudo dos concorrentes e, principalmente, do público alvo que se pretende conquistar.

Essas análises, no entanto, não são tão simples de serem realizadas. Principalmente quando o cenário é de instabilidade financeira.

Segundo levantamento realizado pelo Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE), em 2022, 17% dos empreendedores fecharam as portas por falta de planejamento.

Mais da metade destes, encerraram as atividades em menos de seis meses, e outros 37% também tiveram que  desistir da vida de empresário antes de completar dois anos de CNPJ.

O número de desistências e falências foi 10% superior ao mesmo período do ano anterior, onde a pandemia estava muito mais descontrolada.

Mas, por quê?

Abaixo, estão listados alguns dos principais motivos do encerramento de micro e pequenos negócios.

Estudo de Mercado

Possibilidades e nichos para empreender não faltam.

O excesso de opções, no entanto, nem sempre é favorável, pois há muitos detalhes que precisam ser considerados a respeito de cada uma delas.

A escolha do nicho em que se vai aplicar esforços depende, principalmente, das habilidades pessoais e gostos do empreendedor, mas não é só isso que influi no sucesso de um empreendimento.

É preciso pensar sobre percurso para trabalho, sazonalidade, valores para investimento inicial, capital de giro, e diversos outros fatores.

Sazonalidade

Uma forma de explicar como a sazonalidade pode afetar a sobrevivência de um negócio, é levar em conta os negócios de verão.

Quem gosta de sol e mar, muitas vezes encontra nas praias uma forma de unir o útil ao agradável, através de atividades autônomas ou microempreendedoras.

Dos carrinhos itinerantes de sorvete e milho verde aos de pastel ou bebidas com ponto fixo, há oportunidades para todos os perfis e capacidades de investimento.

Mas, apesar de parecer maravilhoso trabalhar na praia, é importante que o empreendedor leve em consideração períodos de frio, chuva e baixa temporada.

Quem começa esse tipo de atividade no verão, pode se acostumar com um fluxo de caixa que não deve se manter durante todas as épocas do ano e, nesse caso, se não houver um planejamento muito bem executado, o negócio pode perder tração e se tornar inviável em menos de um ano.

Marketing

Em diversos nichos, o faturamento e a lucratividade não dependem em nada, ou em quase nada, das estações do ano. Mas isso não significa que não seja preciso realizar planejamentos aprofundados para que o empreendimento tenha condições de se desenvolver ao longo de muitos anos.

Há, por exemplo, quem trabalhe com decoração, fazendo ímãs de geladeira, biscuit, apoios de porta e toalhas de mesa, e há, também, quem trabalhe com papelaria, fazendo, principalmente, convites e composição para festas. Em ambos os casos, o investimento não é exorbitante.

No primeiro caso, as ferramentas de trabalho custam muito pouco e a matéria prima também está longe de ser inacessível.

No segundo, uma impressora para personalizados e tipos variados de papeis já são o suficiente para dar o “start”. 

Nada tão complexo de adquirir.

Nesse tipo de segmento, a sazonalidade é bem menor, mas ao contrário de quem tem um carrinho na praia, quem trabalha com artesanatos precisa investir um “pouco” em divulgação, principalmente no começo do negócio, quando não é possível contar com muitas recomendações de clientes, ou, como alguns preferem chamar, com a propaganda boca-a-boca.

O problema aqui, é que muitos excelentes artesãos não possuem grandes conhecimentos em marketing, e pouca, ou nenhuma, experiência em administração de empresas, o que faz com que a precificação acabe sendo feita sem a contabilização de despesas como água, luz, internet, espaço utilizado para o trabalho, taxas de MEI ou outros impostos e, por fim, do marketing, que, muitas vezes, custa mais do que todas as outras despesas citadas acima.

Ansiedade

Aqui está mais um dos problemas que podem se tornar fatais para empresas dos mais diversos segmentos: a Ansiedade.

Quando uma empresa é criada, é natural que o empreendedor queira que sua marca apareça em canais diversos e que as vendas comecem a embalar, no maior ritmo possível.

Essa ansiedade faz com que muitos comecem a “atirar para todos os lados”, o que pode ter um efeito exatamente contrário ao desejado.

Segundo Bruna Bozano, especialista em negócios digitais, “fazer parcerias com influencers, publicar guest post em portais, atrair seguidores para as mídias sociais, investir em anúncios no Facebook, Instagram e Google, colocar anúncios no rádio e criar promoções, quase que diariamente, pode surtir pouco ou nenhum efeito se o negócio não estiver estruturado para receber o público e, claro, se essas estratégias não forem direcionadas para a persona correta”.

O investimento mal planejado faz com que as expectativas estejam desalinhadas com as realidades possíveis. Neste caso, o empreendedor despeja capital ralo abaixo, se decepciona, e acaba criando uma resistência perigosíssima em relação ao marketing, que, quando bem feito, funciona. E, se não feito, pode estagnar a empresa.

Canais

Quem tem um sonho costuma visualizar seu empreendimento de uma forma “X” ou “Y”, mas é preciso se adaptar às realidades temporais para não acabar sendo engolido pelo presente (ou pelo futuro).

Hoje, uma das formas de melhorar o faturamento de qualquer negócio, é torná-lo multicanal.

Quem trabalha com vendas, independentemente do produto, pode e deve inseri-lo no mercado digital.

“O artista vai onde o povo está”.

O velho ditado fala sobre entrega. Sobre chegar a quem vai consumir a arte. E, se essa é a fórmula do sucesso há décadas, não seria diferente em relação a outros segmentos do mercado – além do artístico.

Hoje é possível contar com todo tipo de modalidade logística para fazer produtos chegarem a qualquer lugar do mundo, de forma segura e monitorada, seja pelo sistema de Correios Rastreamento, pelo acompanhamento da Fedex ou da DHL, entre tantas outras empresas do ramo de transportes e cargas.

Não há desculpas para vender, apenas, no mercado local.

O WhatsApp e as mídias sociais são algumas das possibilidades de expansão, e se utilizados da forma correta, podem auxiliar qualquer empreendimento, tanto no período de tração quanto na manutenção do faturamento e lucratividade.

Quem não se atenta à essa multicanalidade, corre o risco de esbarrar em diversos aspectos citados acima.

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