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Até quando vai durar a trégua do grupo paramilitar Wagner, que desafiou o poder de Putin?

Após acordo intermediado por Belarus, paramilitares não devem tentar nova rebelião. Pelo menos por enquanto, diz especialista
Vacina
Presidente da Rússia, Vladimir Putin (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

As tropas paramilitares do grupo Wagner, que tentavam uma rebelião contra o governo de Vladimir Putin, e marchavam rumo a Moscou, recuaram e começaram a retornar à sua base, em Rostov-on-Don, neste sábado (24), após ordem do líder do grupo, Yevgeny Prigozhin. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que houve uma negociação, seguida de um acordo entre as duas partes, intermediado pelo governo de Belarus.

O processo legal contra ele será retirado. Ele irá para Belarus“, afirmou Peskov, referindo-se ao chefe do grupo Wagner. “Ninguém vai julgar [os combatentes], tendo em conta seus méritos na frente” do conflito com a Ucrânia.

Após a tentativa fracassada de rebelião, que teve início na noite desta sexta-feira (23), o grupo Wagner não deve ser derrubado, mas também não deve tentar um novo motim contra a Rússia — pelo menos, não por enquanto. É o que afirma ao R7 o professor de relações internacionais James Onnig, da Facamp (Faculdades de Campinas). Para ele, o que deve acontecer agora é uma desmobilização momentânea e um grande aumento da vigilância sobre as tropas paramilitares.
“O grupo Wagner não trabalha única e exclusivamente para o governo Putin, mas sim para vários outros países que estão em guerra. A tentativa de rebelião contra a Rússia pode, sim, implicar no enfraquecimento do grupo, mas não no fim dele”, afirma Onnig.

Entenda o que é o grupo Wagner

O professor explica que, por um lado, o grupo Wagner é uma milícia, uma junta militar criada por nacionalistas russos, todos muito ligados à defesa da imagem da grandeza da Rússia diante do resto do mundo. Por outro lado, o grupo se tornou uma empresa internacional de segurança, pelo fato de ser composto de ex-soldados com grande preparo. Os membros, ou funcionários, recebem salários altíssimos para atuar em missões de alto risco e fazer a guarda dos patrimônios de um país, não necessariamente da Rússia. 

Nos últimos tempos, o grupo Wagner atuava na Ucrânia, especialmente na região da Crimeia, com o objetivo de defender a Rússia. No entanto, os membros não são funcionários de Putin e, normalmente, trabalham para os países que oferecem maiores salários e melhores condições de trabalho — por isso, são chamados de mercenários.

Além da Rússia, vários outros países mantêm relações sigilosas com grupos armados paramilitares que atuam da mesma forma: como empresas de segurança. Uma muito conhecida é a antiga Blackwater, atual Academi, que atua principalmente para os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido.

O principal ponto de conflito entre o grupo Wagner e o Exército russo foram as condições de trabalho, as quais Prigozhin acusava de serem precárias. Ele, inclusive, foi o estopim da rebelião.
Há meses, Prigozhin vinha se envolvendo em uma disputa pelo poder com os comandos militares russos, os quais responsabiliza pelas baixas em suas tropas no leste da Ucrânia.

Em várias ocasiões, Prigozhin acusou o Exército de não equipar suficientemente seus homens ou de dificultar seus avanços com trâmites burocráticos. Ele também acusou as tropas de atribuírem a si vitórias que, na verdade, foram obtidas graças aos combatentes do Wagner.

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