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Ausência de cicatriz da vacina BCG não é indício para reaplicação

BCG é uma das primeiras vacinas que o bebê recebe ao nascer, e serve para prevenir a tuberculose. É aquela conhecida por deixar uma cicatriz no braço que não desaparece nem na idade adulta. Por muito tempo, os pais foram orientados a repetir a dose caso a picada não deixasse a marca característica no braço. Só agora descobriram que essa necessidade não existe.

Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde emitiu um comunicado revogando a orientação de repetir a dose de BCG caso não haja cicatriz. Segundo a nota, a nova recomendação está alinhada com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI), após comprovação da eficácia da vacina em crianças que não ficam com a marca.

O pai da bebê Isabella, Alexandre Freire, foi um dos pegos de surpresa. Ao Portal Correio, o jornalista contou que por pouco não foi reaplicar a vacina na filha, pois estranhou a ausência da marca.

“Até onde eu sabia, desde a gravidez da minha primeira filha, a vacina tinha que mostrar a cicatriz. Existe até um prazo para que ela apareça, mas não estava evidente, mesmo depois do tempo que nos foi dado. Consultamos a pediatra e o lactário, onde aplicamos a vacina, porque acreditávamos que se a cicatriz não aparecesse, ela não tinha funcionado. Existia essa dúvida, então, da ‘revacinação'”, explicou.

Para o infectologista Fernando Chagas, é comum que o receio venha, já que antigamente a vacina era reaplicada. No entanto, o médico disse que a nota emitida pelo Ministério da Saúde não é apenas algo nacional, mas mundial.

“Estudos não demonstraram evidências convincentes de benefício para doses repetidas de vacina BCG contra tuberculose, nem mesmo quando não se tem cicatriz. A ausência de cicatriz de BCG, após a vacinação, não é indicativa de ausência de proteção”, informou.

O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) também se pronunciou sobre o caso, através do pediatra Cláudio Orestes, que mais uma vez confirmou que a reaplicação é desnecessária. “Antigamente acreditava-se que só haveria eficácia se houvesse de fato a cicatriz. Mas o organismo produz defesa necessária mesmo sem deixar marcas”.

Importância da vacina contra tuberculose

A vacina BCG é a principal forma de prevenção da tuberculose em crianças. Ela é oferecida gratuitamente no SUS e deve ser aplicada no bebê o mais cedo possível. A cicatriz deixada pela picada costuma surgir em decorrência da inflamação causada pelo sistema imunológico tentando combater a bactéria enfraquecida injetada.

Nos casos em que a marca não aparece, criou-se o mito de que a vacina “não pegou”. No entanto, estudos recentes citados pelo Ministério da Saúde comprovaram a eficácia da vacina também nas crianças que não apresentaram a cicatriz.

Cobertura vacinal contra a Tuberculose

A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir doenças, por isso o Ministério da Saúde tem alertado periodicamente a população sobre a importância de manter a vacinação em dia. A vacina BCG é uma das que têm maior adesão.

Em 2017 registrou 96,2% de cobertura vacinal em todo o país, acima do preconizado pelo Ministério da Saúde que é de, pelo menos, 90%. Em anos anteriores a taxa da cobertura vacinal ultrapassada os 100%, sendo: 2011 (107,94%); 2012 (105,7%); 2013 (107,42%); 2014 (107,28%); 2015 (105,08%); 2016 (95,55%).

“Não podemos descansar com relação à vacinação. Só com altas coberturas vacinais é que conseguimos manter bem longe das nossas crianças doenças como a tuberculose, que pode até matar”, enfatiza Carla Domingues.

O Ministério da Saúde oferta gratuitamente nas mais de 36 mil salas de vacinação do SUS todas as vacinas recomendadas pela OMS no Calendário Nacional de Vacinação. Atualmente, são cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos, por ano, para combater mais de 20 doenças, em todas as faixas etárias.

Há ainda vacinas especiais para grupos em condições clínicas específicas, como portadores de HIV, disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).

Sintomas

A tuberculose pode apresentar sintomas como febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e cansaço/fadiga. O principal sintoma é a tosse por três semanas ou mais. Sempre que identificar uma pessoa tossindo, lembre-se de investigar a causa.

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