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Como preservar o patrimônio histórico?

Especialista do Unipê elenca maneiras de preservação e fala sobre importância da memória

Compreender uma sociedade é essencial do ponto de vista histórico. Casas e prédios antigos, por exemplo, carregam em si marcas do percurso de um povo ao longo do tempo. E por isso muitos são protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com tombos e registros desses edifícios e das paisagens que os envolvem. Mas o que cabe às sociedades, além do tombamento, para efetivamente preservar as edificações?

Segundo a Profa. Ma. Christiane Nicolau, de Arquitetura e Urbanismo do Unipê, a população precisa se sentir envolvida pela história, acolhida pelo lugar e reconhecer que esse retrata o passado, mas está adaptado para as atuais necessidades sociais. Por isso é relevante entender e olhar para o traçado e os estilos explícitos em áreas de patrimônio histórico cujo conjunto edificado marca uma época e um estilo de vida diferente do atual.

“Essa importância deve ser estimulada pelo poder público com a implementação do planejamento urbano ao garantir manutenção dos edifícios e seu entorno, estimulando o uso dos espaços edificados. Além de facilitar para a população o acesso ao edifício através de adaptações que possibilitem tais usos, sejam comerciais, institucionais e até mesmo de moradia”, explica Christiane.

A arquiteta e urbanista cita algumas ações que podem ajudar nesse sentido: facilitar e promover eventos, como feiras livres, esportes e atividades culturais são uma forma de estimular a diversidade e vitalidade nas áreas históricas. “E, a partir do uso, ir conscientizando a população de ações e estratégias adequadas para a preservação e conservação do patrimônio cultural”, complementa.

Além desse aspecto, Christiane diz que a educação patrimonial é tão importante e necessária quanto as leis de trânsito. Para ela, essas ações demandam um tempo até serem assimiladas pelo povo. “Mas o estímulo e a consistência no processo de conscientização garantem segurança, vitalidade e sentimento de pertencimento para os diversos grupos sociais que compõem os espaços urbanos”, afirma.

Memória e patrimônio histórico

Christiane acredita que uma sociedade saudável deve ter três pilares: justiça, beleza e bondade. “É preciso avançar carregando em si as memórias de quem somos, de onde viemos e o que fizemos. Fazendo do velho o belo e atribuindo ao passado seu real valor, do contrário não teremos raízes e sem elas, quem seremos no futuro?”, questiona.

Pensando nisso, a arquiteta lembra, ao citar o historiador francês especialista em idade média e autor da obra “História e Memória” Jacques Le Goff, que a memória conserva informações e nos remete em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, as quais o ser humano pode atualizar impressões ou informações passadas. Ou, ainda, o que ele representa como passadas.

“Assim podemos refletir quanto a importância do espaço nessa construção da identidade, da memória e de rumos de uma civilização quanto ao lugar de onde veio e para onde vai. Os edifícios são o testemunho da história e demarcam um território de arte e expressão de vida da sociedade da época”, finaliza.

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