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Delegada recebe laudo sobre morte de torcedor do Belo

A delegada Karen Lopes, da Polícia Civil em Ceará-Mirim (RN), teve acesso nesta sexta-feira (13) ao laudo com a confirmação da causa de morte de Eduardo Feliciano Justino da Silva, torcedor do Botafogo-PB morto no dia 10 de agosto, em Ceará-Mirim, durante o jogo entre Globo-RN e Botafogo-PB, no estádio Barretão, pela Série C do Campeonato Brasileiro.

A demora no recebimento do laudo foi provocada por um desencontro de informações, já que, segundo a delegada, ela não recebeu o documento da maneira que esperava. “O problema foi que eles (Itep-RN) não encaminharam [o laudo] no mesmo processo do que eu abri pedindo o laudo. Recebo um cem número de laudos todos os dias”, disse a delegada.

Por meio de nota, a assessoria afirmou que o laudo de morte está pronto desde o dia 3 deste mês e foi tornado público no mesmo dia em um sistema de acesso do Itep e as delegacias do Rio Grande do Norte para que a delegada Karen Lopes tivesse acesso ao documento. Veja abaixo a nota na íntegra.

“O Instituto Técnico-Científico de Perícia (ITEP-RN) esclarece que o laudo completo com a causa morte de Eduardo Feliciano, ocorrido em 11 de agosto, teve sua conclusão no dia 3 de setembro. 

Após exame necroscópico foi identificada como causa da morte choque cardiogênico devido a tamponamento cardíaco sequente a laceração cardíaca por trauma contuso. 

Exames complementares apontaram ainda que o homem apresentou uma concentração alcoólica de 2,7 g/ L. O laudo foi encaminhado para autoridade policial que conduz as investigações”.

A resposta do Itep-RN veio um dia após a delegada dizer que o laudo não havia ficado pronto, ocasionando demora no andamento do inquérito que investiga se Eduardo morreu após ter sido espancado por policias militares do Rio Grande do Norte.

O resultado oficial do laudo apenas confirma o que já havia sido adiantado ao Portal Correio em agosto pelo diretor do Itep-RN, Marcos Brandão, de que Eduardo havia morrido por complicações cardíacas causadas por agressões com uso de objetos contundentes.

Com acesso ao documento, a delegada agora aguarda resposta das cartas precatórias entregues a testemunhas do caso que residem na Paraíba. As cartas solicitam o depoimento dessas pessoas sobre o que ocorreu no estádio no momento em que Eduardo foi ferido.

Laudo reforça tese de espancamento

Finalizado, o documento reforça depoimentos de torcedores do Botafogo-PB que afirmaram ter visto Eduardo sendo espancado por policiais militares do lado de fora do estádio.

Um amigo de Eduardo, que estava no local no momento das agressões, relatou como tudo ocorreu em entrevista à TV Correio.

“A gente estava na frente do estádio e começou a confusão porque os policiais tentaram abordar crianças, jovens e mulheres. Nos recusamos a sofrer a abordagem e começou a pancadaria. Foi quando meu amigo foi covardemente espancado. Ele recebeu uma pancada no peito muito forte e parou de respirar. Abracei ele e até tomei tiro na perna, mas nada foi válido”, relatou Iuri Targino

A ação dos policiais com os cassetetes, inclusive, foi gravada por meio de celular e pode ser vista no fim do vídeo abaixo.

Policiais negam espancamento

Em depoimento, os policiais negaram ter entrado em confronto com torcedores organizados do Belo durante o tumulto que resultou na morte de Eduardo Feliciano.

Nenhum dos policiais ouvidos confessou ter praticado agressões contra torcedores e contaram que apenas fizeram um cordão de isolamento para evitar a invasão ao estádio.

“Nenhum dos policiais assumiu ter praticado agressões contra o torcedor morto ou qualquer outro. Em resumo, eles disseram que foram alertados da invasão e apenas se deslocaram ao local, fazendo um cordão de isolamento no muro e que isso foi suficiente para dispersar os torcedores sem nenhum confronto físico ou com uso de armas”, disse a delegada.

O caso

Conforme torcedores que estavam no local da partida, por volta das 18h20, 55 minutos antes do início do jogo no estádio Barretão, em Ceará-Mirim, membros da Fúria e da Torcida Jovem do Botafogo-PB que estavam do lado de fora do estádio pularam o muro para invadir o local e não pagar ingresso.

Alertados da invasão, policiais militares reagiram com tiros de borracha e golpes de cassetete contra torcedores que ainda tentavam invadir o local. Foi durante essa reação que Eduardo Feliciano teria sido espancado pelos policiais e ficado desacordado.

Socorrido por uma ambulância do Samu, Eduardo chegou a dar entrada no Hospital Municipal Doutor Percílio Alves, em Ceará-Mirim, mas não resistiu e morreu horas após os ferimentos.

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