Neste dia 20 de novembro o Brasil comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, data que remete à morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, o maior do país. Símbolo de luta por direitos e resistência das pessoas negras escravizadas, a data tem sido celebrada oficialmente por lei desde 2011. E nesse dia de conscientização, uma gastrônoma ensina uma receita de acarajé e fala sobre a sua origem.
Segundo Regina dos Santos Costa, coordenadora do curso de Gastronomia EAD 100% on-line do EAD Unipê Campina Grande, o alimento remonta desde o período de escravidão no Brasil, quando africanos foram trazidos para o país e obrigados a trabalhar em diferentes plantações. Muitos dessas pessoas eram de origem iorubá, adeptas ao culto de orixás, divindades da natureza honradas com oferendas culinárias, entre outras coisas.
Foram essas pessoas escravizadas que criaram uma massa feita a partir do feijão fradinho, temperada com cebola, sal, pimenta e outros ingredientes, que depois era frito em azeite de dendê. “Essa massa era oferecida aos orixás em cerimonias religiosas e eram consumidas por esses indivíduos, como uma fonte de energia e proteína, uma vez que tinham bastante desgastes de força física nas lavouras”, assinala.
Com o tempo, o acarajé ganhou popularidade e começou a ser vendido nas ruas de Salvador e em outras cidades da Bahia, sendo hoje um prato tipicamente baiano e conhecido mundialmente. Em 2004, foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Salvador e, em 2005, se tornou Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). “Isso nos mostra a importância do acarajé e como uma expressão cultural e histórica brasileira, contribuindo para preservar a tradição para as futuras gerações”, diz Regina.
Massa
Ingredientes
2 kg de feijão fradinho quebrado
200 g de cebola picada
Modo de preparo
Ingredientes
1 kg de camarão seco sem cabeça e sem a casca
15 pães franceses
350 g de amendoim torrado
350 g de castanha de caju torrada
3 vidros de leite de coco
2 colheres de sopa de gengibre ralado
1 maço de coentro
3 tomates
4 cebolas grandes
1 xícara de azeite de dendê
Sal a gosto
Modo de preparo
Ingredientes
1 kg de quiabo picadinho
100 g de amendoim torrado e sem casca
100 g de camarão seco
½ xícara de azeite de dendê
250 ml de leite de coco
2 cebolas pequenas
½ limão
Sal a gosto
Modo de preparo
Ingredientes
½ kg de pimenta malagueta
2 cebolas batidas
100 g de gengibre
100 g de camarão seco
1 xícara de azeite de dendê
Sal a gosto
Modo de preparo
Ingredientes
1 xícara de azeite de dendê
200 g de cebola ralada
½ kg de camarão defumado lavado e escorrido
Modo de preparo
Ingredientes
½ kg de tomate
2 cebolas pequenas
1 unidade de pimentão
Sal a gosto
Modo de preparo
Uma variação para quem quer comer sem carregar o “peso da culpa” é optar pelo acarajé vegano. Nesta versão, a massa não será acompanhada por camarão seco, vatapá e caruru, mas sim por uma mistura de legumes e temperos, como tomate cebola, pimentão e coentro e azeite de dendê. Para uma combinação mais ousada, é possível combinar com tofu ou outra proteína vegetal.
Embora tenha origem africana, o acarajé também tem influência indígena brasileira, diz Regina, porque os indivíduos indígenas usavam o feijão fradinho como um dos principais ingredientes de sua alimentação e o azeite de dendê em sua alimentação. “Assim, podemos dizer que o acarajé é uma síntese entre a culinária indígena e africana, mostrando a mistura da cultura e tradição de dois povos distintos”, coloca.
Com o tempo, a massa evoluiu e se tornou um prato ainda mais saboroso e versátil. Novos acompanhamentos foram adicionados a massa, como o vatapá, o caruru, a pimenta e o vinagrete. A forma de preparo também evoluiu: originalmente a massa era frita em panela de barro e hoje já se utiliza frigideiras comuns, inclusive máquina de fazer acarajé, o que torna a produção em grande escala mais prática.
E quanto a saúde? Os ingredientes que compõem o acarajé possuem alto valor nutritivo. O feijão fradinho é rico em ferro, cálcio e potássio e o azeite de dendê contém antioxidantes, como as vitaminas A e E, evitando o envelhecimento precoce e combatendo os radiais livres (causadores de lesões nas células).
Contudo, vale lembrar que o consumo do alimento deve ser moderado devido ao alto valor calórico. Para evitar exageros, é importante procurar consumir o acarajé de forma mais saudável, evitando, por exemplo, combinar com refrigerante. É uma combinação que irá pesar muito no organismo. O consumo do camarão seco também deve ser moderado, uma vez que o mesmo carrega um elevando teor de sódio e corante”, finaliza Regina.