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‘Dicas que desorientam’: leia a nova coluna do professor Trindade

Como é? Quer dizer que vi (e ouvi) bem uma professora de Português dizer, numa das nossas emissoras de TV, que é proibido usar figuras de linguagem na redação do Enem?

De onde essa ilustre jovem tirou isso? Nunca vi tamanho absurdo!…

Segundo ela, é porque na redação “a linguagem tem que ser denotativa”. Ora, mesmo a linguagem da redação tendo que ser predominantemente denotativa, nada impede o uso de figuras; até embeleza e dá vida ao texto. O que não pode é o candidato que não tem domínio da estilística tentar usar; ou, mesmo sabendo fazê-lo, abusar, devido ao próprio objetivo da redação escolar e ao tema apresentado.

Sim, sei que no Enem os temas são de natureza objetiva; mas isso não impede a presença de figuras.

Vamos às instruções para a redação, no mais recente exame (2018):

“INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.

2. O texto definitivo deverá ser escrito à tinta.

3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

4. Receberá nota ZERO, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

4.1. Tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.

4.2. Fugir ao tema ou que não atenda ao tipo dissertativo-argumentativo.

4.3. Apresentar parte do texto deliberadamente desconectado ao tema proposto.” Como se vê, não há qualquer referência à linguagem denotativa ou à “proibição” do uso de figuras.

Infelizmente, esses “professores” de Português aniquilam a criatividade do aluno, com “ameaças” absurdas e certas “regras” que não sei de onde tiram. “Não pode usar figuras; não pode começar a redação com advérbios; não pode usar a palavra coisa” e outras baboseiras, que dão náusea.

Mas a mais ridícula delas é esta: “A redação só pode ter três parágrafos”. Nunca vi insanidade e absurdo tamanhos!…

Coitados desses “professores”; confundem as partes de uma redação (que são, realmente, três) com número de parágrafos. Termino com o depoimento de um amigo magistrado, que me afirmou:

“Tirei minha filha de um famoso curso de Português, porque percebi que a professora estava acabando a menina; aniquilando a criatividade dela. Ela produzia textos bem escritos, criativos… De repente, passou a fazer textos secos, sem criatividade; parecia que não era ela.

Perguntei por que ela mudara e ela disse:

‘É porque a professora quer assim; ela disse que eram as regras exigidas nos vestibulares e Enem.’

Disse-lhe: – Você vai sair desse curso, agora!…
Fui lá e cancelei a matrícula.”

Em tempo:

A filha dele está fazendo mestrado em Direito.

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