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Espécie capaz de desequilibrar corais, peixe-leão é capturado na costa da Paraíba

Animal é natural da Ásia, mas alcançou o Oceano Atlântico a partir do Caribe. Primeira aparição na Paraíba foi registrada no dia 11 de março
Peixe-leão tem espinhos venenosos (Foto: Divulgação)

Órgãos governamentais, pesquisadores e ambientalistas da Paraíba se mobilizam para definir um protocolo de captura e monitoramento do peixe-leão. A espécie, que é venenosa e tem potencial para destruir corais, é natural da Ásia, mas alcançou o Oceano Atlântico a partir do Caribe.

Em agosto do ano passado, a professora e pesquisadora Ana Lúcia Vendel, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), alertou para a iminente chegada do animal à Paraíba. A ameaça se concretizou no último dia 11 de março, com o primeiro registro do peixe-leão no litoral paraibano. A aparição ocorreu próximo ao naufrágio Vapor Bahia, na divisa com o estado de Pernambuco.

Desde então, outros registros aconteceram no naufrágio Alvarenga, em João Pessoa; na Praia do Seixas, em João Pessoa; e na Praia de Jacumã, em Conde, segundo o coordenador do Programa Estratégico de Estruturas Artificiais Marinhas da Paraíba (Preamar), Cláudio Dybas.

“Já se tinha registro desse peixe no Rio Grande do Norte e em Pernambuco. Então, obviamente, ele já devia estar na Paraíba, mas não tinha sido visto ainda. Agora começaram esses relatos. Já temos quatro registros oficiais”, diz Dybas, ao Portal Correio.

Devido a essas ocorrências, as instituições que atuam na área de Meio Ambiente já se mobilizaram para estudar formas de enfrentamento ao peixe-leão. Uma reunião organizada pelo Projeto Conservação Recifal definiu que a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) estabelecerá um protocolo de captura e monitoramento do animal.

A norma, conforme Cláudio Dybas, será editada em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“Nas ações do Preamar estamos prevendo o monitoramento a longo prazo dessa espécie invasora. Temos discutido com especialistas como a gente vai enfrentar esse desafio, principalmente para que o programa seja uma medida mitigadora, de combate ao peixe-leão, e não de favorecimento à sua disseminação”, complementa Dybas.

Riscos

De acordo com o coordenador do Programa Estratégico de Estruturas Artificiais Marinhas da Paraíba, o peixe-leão pode desequilibrar o ecossistema recifal e gerar impactos em toda a teia alimentar marinha.

“O peixe-leão se alimenta de pequenos peixes e invertebrados, como camarões, por exemplo. Ele fica posicionado junto aos recifes ou substratos consolidados que possam ter tocas para ele se esconder e quando o peixe passa na frente ele dá o bote. Estima-se que o peixe-leão pode comer até 20 peixes em meia hora, então o grau de voracidade dele é alto e pode acarretar a falta de presas para outros predadores. Isso gera um efeito-cascata que pode afetar até mesmo a pesca”, explica Cláudio Dybas.

Segundo o especialista, o peixe-leão possui espinhos venenosos e não tem predador natural nos mares brasileiros. Mas não só outras espécies marinhas que precisam ter cuidado com o animal: ele também é capaz de causar danos à saúde humana.

O ICMBio orienta pescadores a não devolverem o peixe-leão para o mar, em caso de pesca acidental. Na Paraíba, animais capturados podem ser entregues a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) para destinação adequada.

É necessário ter cuidado com os espinhos do peixe-leão. Recomenda-se colocar o dedão dentro da boca do animal e, com a outra mão, cortar cuidadosamente os espinhos.

“O veneno do peixe-leão não é fatal para pessoas saudáveis, mas pode causar enjoo, bolhas e dor no local do ferimento. Se possível, passe água quente no local afetado para dificultar a ação do veneno e procure atendimento médico para receber tratamento adequado”, recomenda o ICMBio.

Foto: Divulgação

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