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Exposição fotográfica retrata vida de mulheres na prisão

O feminino e a vida no cárcere, mulheres que vivenciam a rotina na prisão e toda a carga material e simbólica que ela impõe. Esse é o tema central da exposição fotográfica Ovelhas, organizada pela fotógrafa e jornalista pernambucana Priscila Urpia, com fotos de reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife. A mostra será exposta na Usina Cultural Energisa a partir desta quinta (18) e fica em cartaz até o dia 18 de fevereiro. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira das 7h às 20h, sábados e domingos das 13h30 às 17h.

A busca por revelar outras faces do feminino está no conceito da exposição, como explica a realizadora, que enfatiza que o ser feminino “desempenha diversos papéis sociais: esposa, mãe, trabalhadora, cidadã, entre outros”. Para ela, na cultura predominante, qualquer atitude que transgrida esses padrões sociais de comportamento é condenada. “Algumas mulheres quando enveredam pelo mundo do crime acabam desafiando essas normas de conduta moral, sendo assim desvinculadas da sua condição de cidadã aos olhos da sociedade”, pondera Priscila. Ela ainda destaca a relação afetiva e o impacto que ela sofre após a prisão. “Outro ponto importante é que os laços afetivos são fortemente modificados durante e após a experiência carcerária”, pontua.

Sobre o porquê de infringir a Lei, há várias situações e motivos, como expõe a organizadora. “Algumas cometem crimes por questões de necessidade, para garantir o sustento dos filhos, outras para pagamento de dívidas ou para manter o vício nas drogas, para ajudar seus companheiros” detalha Priscila Urpia. As motivações além de múltiplas são, em muitos casos, complexas. O ponto em comum é que todas essas mulheres travam uma batalha com a Justiça e com a sociedade, tendo como consequência o estigma do crime e sua liberdade cerceada.

Tradicionalmente, não há um acompanhamento constante da situação da população feminina encarcerada no Brasil, o que impossibilita, muitas vezes, o diagnóstico dos problemas a serem combatidos e ainda as estratégias de intervenções mais adequadas no processo de tratamento e de invisibilidade destas mulheres que representam menos de 5% entre as pessoas presas de todo o país.

São pessoas esquecidas por boa parte da sociedade e que permanecem numa unidade prisional à espera da passagem do tempo. Tempo este que pode trazer ou não o perdão civil e social pelos erros cometidos, o que traz uma incerteza em relação ao futuro dessas mulheres. “Ovelhas” é uma janela que traz visibilidade e humaniza o cotidiano de mulheres relegadas ao estigma e à invisibilidade.

A mostra dialoga com a fotografia documental, que assume, a princípio, o compromisso com a realidade tal como é, sendo possível construir, expressar e ilustrar através de imagens, as mulheres da Colônia Penal Feminina do Recife. É uma ressignificação das mulheres da CPFR e da universalidade feminina pertencente a uma unidade prisional. Na exposição além das 24 fotos, o expectador também terá acesso a relatos em áudio de algumas dessas mulheres. Com curadoria do fotógrafo Elvio Luiz dos Santos, a mostra fica em cartaz até o dia 18 de fevereiro de segunda a sexta-feira das 7h às 20h, sábados e domingos das 13h30 às 17h.

A exposição fotográfica Ovelhas conta com incentivo do Funcultura/Fundarpe, Secretaria de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco e com o apoio institucional da Secretaria de Ressocialização do Estado de Pernambuco (SERES), Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Governo de Pernambuco e da Usina Cultural Energisa (Grupo Energisa).

 

O nome da exposição é uma referência à unidade em que as mulheres infratoras aguardam sentenças, conhecida como Bom Pastor.

Acessibilidade

Como forma de alcance a toda sociedade, sem restrições, o projeto contará com audiodescrição integral das imagens expostas na exposição, para o acesso dos deficientes visuais.

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