Ainda há quem duvide, mas neste sábado (20) completam-se 50 anos da maior aventura da humanidade, desde que as caravelas cruzaram os mares em direção ao desconhecido: há cinco décadas Neil Armstrong desceu na Lua dizendo que era “um passo pequeno para um homem, mas um salto gigantesco para humanidade”. Nosso satélite, que já inspirou tantas canções e poemas, foi tema também do cinema — e muito antes de Armstrong e seus companheiros tentarem alcançá-la.
O CORREIO enumera nove filmes e uma série relacionados à ocasião. A série e cinco dos filmes recontam passos da corrida espacial: mostram Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço; o início do projeto Mercury, com os primeiros astronautas americanos; jogam holofotes sobre suas esposas e sobre as mulheres matemáticas que foram fundamentais para a conquista; mostram o feito de Armstrong e uma missão posterior que quase terminou em tragédia.
Outros quatro filmes mostram a conquista da Lua no imaginário cinematográfico antes de efetivamente o homem chegar lá. Muito antes na verdade: começa já no cinema mudo com um curta lendário de George Mèliès, passa pela Alemanha de 1929, a Hollywood de 1950 e termina com um filme de Robert Altman lançado 18 meses antes da missão Apollo 11.
Se há 50 anos o planeta olhava para o céu imaginando Neil Armstrong e Buzz Aldrin dando saltos sobre a superfície lunar, hoje o jeito é olhar para a tela para namorar a Lua. Ao menos enquanto o homem não sai a nova missão ao nosso satélite natural.
Baseado em livro de Tom Wolfe e com roteiro e direção de Philip Kaufman, o filme aborda os pilotos pioneiros do programa espacial americano, o projeto Mercury.
Começa em 1947, mostrando o piloto Chuck Yeager (Sam Shepard) e a quebra da barreira do som. Depois, vai dos anos 1950 ao começo dos 1960 com a seleção e o treinamento dos sete astronautas para as primeiras idas americanas ao espaço, nomes hoje lendários como Alan Shepard (Scott Glenn), John Glenn (Ed Harris) e Gordon Cooper (Dennis Quaid).
Com 3h13 de duração, o filme retrata em tintas épicas esses primeiros passos que, anos depois, resultariam na chegada do homem à Lua. A trama é focada sempre nos pilotos, mostrados como os verdadeiros heróis que arriscavam o pescoço e que tiveram que brigar para ter comando sobre suas cápsulas — pilotar mesmo e não ser apenas estar lá para fazer o mesmo que um macaco faria (nada).
O filme de Damien Chazelle aborda a vida de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, há exatos 50 anos. Embora reconte um dos grandes feitos da humanidade, a opção é por uma abordagem mais intimista. Ryan Gosling interpreta Armstrong e Claire Foy é sua esposa, Janet. Chazelle se preocupou muito com a autenticidade e tomou a decisão de diminuir a importância dos astronautas terem hasteado a bandeira americana na Lua, para realçar o feito como da humanidade. O roteiro é de John Singer, baseado em livro de James R. Hansen.
Tom Hanks, Bill Paxton e Kevin Bacon são Jim Lovell, Fred Haise e Jack Swigert, tripulação da Apollo 13, a segunda missão a fazer o voo à Lua após o feito de Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins na Apollo 11. O filme de Ron Howard conta como a vida dos astronautas foi ameaçada por um defeito interno da nave e como eles e a Nasa tiveram que traçar uma estratégia para que eles conseguissem retornar à Terra. É daqui a frase “Houston, nós temos um problema”. É baseado em livro de Lovell e Jeffrey Kluger.
Por anos a conquista do espaço pareceu um jogo exclusivamente de meninos brancos. Mas o filme de Theodore Melfi joga luz nas figuras ocultas das mulheres matemáticas que faziam os cálculos que garantiam a segurança dos astronautas antes que os computadores tomassem conta de tudo. Baseado em livro de Margot Lee Shetterly, a produção mostra também que as matemáticas negras trabalhavam segregadas. O foco é, principalmente, em Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe).
A produção russa dirigida por Pavel Parkhomenko conta o feito do cosmonauta soviético Yuri Gagarin, o primeiro homem a orbitar nosso planeta. É dele a frase clássica “A Terra é azul”.
Este não é um filme, mas uma série de 10 episódios que só teve uma temporada e era focada nas esposas dos astronautas, que sofriam juntas enquanto os maridos voavam pelos céus. As personagens estão também em Os Eleitos.
De Robert Altman, mostra a Nasa tão desesperada com a corrida espacial que manda um astronauta (James Caan) só de ida. Ele tem que aguardar a Apollo ficar pronta para resgatá-lo. Foi lançado apenas 18 meses antes da Apollo 11.
https://www.youtube.com/watch?v=_FrdVdKlxUk
A obra-prima do pioneiro George Méliès mostra em 13 minutos a mais antiga fantasia cinematográfica sobre a conquista da Lua — que, aqui, tem um rosto, uma imagem clássica. Cópias foram coloridas à mão. Parte de romance de Jules Verne e H.G. Wells.
https://www.youtube.com/watch?v=7N_Eghin6pM
A versão anos 1950 de como seria uma viagem interplanetária até nosso satélite. Aqui, a iniciativa privada se faz presente: um milionário banca a viagem. A direção é de Irvin Pitchell. No fim, a falta de combustível é um dilema para o retorno.
O filme alemão dirigido por Fritz Lang mostra a ida ao satélite para achar ouro, mas a cobiça pune os exploradores. Mostrou elementos como a gravidade zero e inventou a contagem regressiva para o lançamento de um foguete: era um efeito dramático.
*Texto de Renato Félix, do Jornal CORREIO