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Governo tenta acordo sobre reoneração da folha para evitar devolução de MP

Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) sinalizou que há a possibilidade de que seja editada uma nova medida provisória ou projeto de lei
Palácio do Planalto
(Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia a possibilidade de retirar de tramitação a MP (medida provisória) que reonera 17 setores da economia para costurar um acordo e evitar a devolução da matéria pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou nesta quarta-feira (10) que não trabalha com a hipótese de devolução, mas sinalizou que todas as possibilidades estão na mesa, incluindo a edição de uma nova MP ou de projetos de lei.

“O que está se tentando fazer, como dizia um amigo meu sindicalista, é não matar o boi nem deixar o freguês sem carne. Parece bem difícil, mas nós vamos encontrar o caminho. Eu não trabalho com a hipótese de devolução. Ela não está sendo posta na mesa”, disse Wagner.

“Estão se discutindo os pontos que são, eu diria assim, mais tensos e o que a gente pode fazer. De tal forma que se transforme em um novo acordo, que foi como a gente tocou o ano 2023 completamente. Evidentemente que terão colegas na Câmara e no Senado que vão defender que devolva, mas não me parece que é o espírito do presidente Rodrigo [Pacheco].”

O líder do governo se reuniu nesta quarta com Pacheco e o número dois do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, na residência oficial do Senado. Segundo ele, nenhuma decisão será tomada antes da conversa entre Pacheco e o ministro Fernando Haddad, na próxima segunda (15).

Depois da reunião, Durigan afirmou que a Fazenda tem usado o argumento “dos números”. O secretário-executivo da pasta ressaltou o esforço do Congresso em aprovar o pacote econômico de Haddad no ano passado, e disse que é preciso continuar “na mesma esteira”.

“O limite de toda essa discussão é o equilíbrio fiscal, é responsabilidade fiscal. Não é possível a gente ter feito um esforço maior do ano passado, com bons resultados para o país, e a gente agora não persiga nesta mesma esteira, que é olhar para o que tem de despesa e fazer as compensações”, disse.

“O argumento técnico que está sendo utilizado é o argumento dos números, do impacto. A gente gostaria muito de ter esse impacto considerado para essa tomada de decisão”, completou o número dois de Haddad.

Pacheco tem sido pressionado por deputados federais e senadores a devolver a medida provisória que, entre outros pontos, reonera 17 setores da economia, sob o argumento de que o Congresso já se manifestou sobre o tema ao aprovar a desoneração e derrubar o veto presidencial.

Veja os 17 setores afetados

  • Calçados
  • Call center
  • Comunicação
  • Confecção e vestuário
  • Construção civil
  • Couro
  • Empresas de construção e obras de infraestrutura
  • Fabricação de veículos e carrocerias
  • Máquinas e equipamentos
  • Projeto de circuitos integrados
  • Proteína animal
  • Têxtil
  • Tecnologia da informação
  • Tecnologia de comunicação
  • Transporte metroferroviário de passageiros
  • Transporte rodoviário coletivo
  • Transporte rodoviário de cargas

Nesta terça (9), o senador se reuniu com Lula no Palácio do Planalto e relatou ao presidente da República que o governo vai enfrentar dificuldades para aprovar a MP.

Embora a decisão do governo de retirar a MP e a devolução da matéria pelo Congresso tenham os mesmos efeitos práticos, Pacheco e o Palácio do Planalto tentam evitar a mensagem simbólica de derrota que a devolução pelo Parlamento traria.

O benefício da desoneração da folha foi criado em 2011, no governo Dilma Rousseff (PT), e prorrogado sucessivas vezes. A medida permite o pagamento de alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários para a Previdência.

A desoneração vale para 17 setores da economia. Entre eles está o de comunicação, no qual se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha de S.Paulo. Também são contemplados os segmentos de calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, empresas de construção e obras de infraestrutura, entre outros.

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