Não é de hoje que se fala no Instagram e um dos temas mais debatidos é a saúde mental. As mudanças efetuadas recentemente na plataforma para esconder a visibilidade das curtidas foram realizadas em função disso.
A rede social representa um conjunto de fotos sobre uma realidade virtual impossível: corpos perfeitos, viagens constantes, roupas glamourosas e uma vida de sonhos. Bastam cinco minutos na rede para que você comece a se sentir mal sobre si mesmo.
O psicanalista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Christian Dunker afirma que todas as redes sociais têm potencial destrutivo, porém o Instagram é pior, já que se baseia 100% em imagens. “Nele é mais fácil competir e comparar-se. Como se trata de um ambiente irreal, editado, dificilmente alguém vai sentir-se bem com essa comparação”, explica Dunker.
Não é que o Instagram ou sites paralelos, como o Buzzoid.com, que podem deixar uma pessoa com depressão.Também não é bem assim, mas as redes sociais podem amplificar sentimentos que já existem e podem também causar ansiedade. Para uma pessoa que já tem um transtorno compulsivo, ter uma presença na plataforma pode ser muito prejudicial.
O vício em estar sempre on-line acompanhando o movimento dos outros ou competindo também causa distúrbios psicológicos. As redes sociais também contribuem para as epidemias de doenças ligadas à autoestima e imagem, como anorexia e bulimia.
Não são apenas as fotos lindas de biquíni de modelos magérrimas, mas as próprias ideias disseminadas, como dietas impossíveis e desafios de jejum. As pessoas passam a adotar determinados comportamentos só porque uma subcelebridade faz assim ou assado.
É por isso que o Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mantém o Grupo de Dependências Tecnológicas há treze anos. O grupo surgiu para ajudar pessoas viciadas no computador e no uso da internet. Entretanto atualmente se dedica também a tratar pacientes que não conseguem sair das redes sociais.
Cristiano Nabuco, coordenador do grupo, diz que é normal que muitos se sintam assim. “Indivíduos ficam, sim, dependentes de redes sociais. E o ser humano é sensível às avaliações pessoais. Nesse ambiente, a repercussão das coisas negativas e positivas tem um efeito muito maior”, enfatiza.
Para agravar a situação, estamos conectados 100% do nosso tempo. Com o advento da internet móvel e dos smartphones, é praticamente impossível perder uma notificação. Essa ansiedade de estar lá e responder também não é saudável e há mais médicos preocupados com isso.
A recomendação é procurar ajuda profissional. Se você sente que as suas redes sociais não lhe permitem respirar, é hora de ir atrás de auxílio. Criar regras e horários para entrar e navegar também pode contribuir para a redução da ansiedade.
Procure aproveitar o seu tempo livre com outras atividades, como caminhadas e hobbies. E é claro, passe mais tempo cercado das pessoas que você ama, assim evita o uso constante do celular.
Com as crianças, é possível educar desde cedo, facilitando a questão. Mesmo assim, pode ser preciso intervenção de tempos em tempos.