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Investigação apura compra de respiradores que não foram entregues

O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) instaurou um novo procedimento de Inspeção Especial de Acompanhamento de Gestão para apurar dois contratos firmados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), referentes à aquisição, por meio do Consórcio Nordeste, de 105 respiradores, a um custo de R$ 12,5 milhões, sem licitação, para atendimento de pacientes em estado grave infectados pelo novo coronavírus, que não foram entregues pelos fornecedores.

O processo está em fase de notificação ao governador do Estado, João Azevedo e ao Secretário de Estado da Saúde, Geraldo Medeiros, conforme despacho do relator, conselheiro André Carlo Torres Pontes, recomendando providências sobre várias constatações da auditoria e facultando apresentação de defesa. “Momento que deve ser informada destinação dos 70 respiradores pulmonares anunciados como recebidos do Governo Federal”, determina.

Em seu despacho, nessa quinta-feira (4), o relator do processo determinou, à secretaria do Tribunal Pleno, o envio de ofício à Superintendência Regional da Polícia Federal, ao Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União, ao Tribunal de Contas da União, ao Ministério Público do Estado da Paraíba e ao Secretário da Fazenda Estadual, informando sobre o teor da Inspeção Especial, reforçando as informações já encaminhadas anteriormente sobre a aquisição dos respiradores/ventiladores pelo o Estado da Paraíba.

Detalhes

No relatório do processo, auditores do Departamento de Acompanhamento da Gestão Estadual (DEAGE) do TCE-PB detalharam dois contratos firmados junto ao Consórcio Nordeste, sendo um para aquisição de 30 respiradores e outro para 75 equipamentos.

De acordo com a inspeção de auditoria, a primeira compra de ventiladores pulmonares do Consórcio Nordeste foi de 300 equipamentos, no dia 26 de março. Trinta destes equipamentos seriam destinados à Paraíba e deveriam ter chegado ao Brasil no mês de abril, e após prorrogação do prazo de entrega, no início de maio.

O valor total da operação, conforme contrato, é de R$ 48,7 milhões, pagos antecipadamente pelo Consórcio Nordeste ao fornecedor no dia 8 de abril. Com o não cumprimento dos prazos, e sem a entrega de nenhum equipamento, o Consórcio comunicou o fornecedor da extinção contratual e da consequente necessidade de devolução dos numerários já pagos.

Desse montante, R$ 4,9 milhões eram referentes aos 30 respiradores destinados à Paraíba. Mas o Órgão Técnico verificou que, apesar de não terem sido registrados no Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) do Estado, as transferências bancárias realizadas para o Consórcio Nordeste relativas à aquisição destes equipamentos, realizadas em 6 de abril, somaram R$ 4,9 milhões. Uma diferença de R$ 72,7 mil.

Segundo o TCE-PB, também foi levantado pela auditoria quanto ao fornecedor escolhido pelo Consórcio Nordeste para o fornecimento dos equipamentos. Uma empresa com menos de 1 ano de constituição conforme informações do CNPJ, com capital social de R$ 100 mil, e o documento fiscal emitido pela empresa possui numeração muito baixa (nº 000.000.02, série 01). “Levando a indícios de que a empresa, até o momento, não possui grande expertise no fornecimento de materiais médico-hospitalares, tornando sua contratação para operação tão vultosa um fato estranho”, disse o conselheiro.

Já o segundo contrato firmado pelo Estado com o Consórcio Nordeste, conforme descreve o relatório, foi um Contrato de Rateio, assinado em 27 de abril. Desta vez para a aquisição de 75 ventiladores pulmonares. Mas os auditores sublinham a falta de informações e transparência nesse procedimento.

O valor reservado à Paraíba referente aos 75 equipamentos, conforme informações do contrato, seria de R$ 14,8 milhões. Deste montante já foram identificadas nos autos, pela auditoria, transferências bancárias, também ainda não registradas no SIAFI, no valor de R$ 7,5 milhões, realizadas em 27 de abril.

Conforme entendimento do Órgão Técnico, o montante deve ser ressarcido imediatamente ao erário estadual, já que não há comprovação da despesa (não existe nos autos contrato firmado entre o Consórcio Nordeste e a suposta empresa fornecedora dos equipamentos), também não foram apresentados pagamentos advindos do Consórcio em favor da referida fornecedora, e não há indício da entrega dos 75 ventiladores pulmonares.

O Consórcio Nordeste é um convênio entre os Estados do Nordeste, criado em março deste ano, com vistas à realização de aquisições centralizadas ou compartilhadas de bens e serviços, para a promoção, prevenção e à garantia de assistência à saúde para as pessoas em decorrência da pandemia a Covid-19.

SES

Em nota ao Portal Correio, a SES informou que o Governo da Paraíba comprou 84 respiradores em março, mas que foram retidos pelo Governo Federal. Outra compra foi realizada pelo Consorcio Nordeste, mas foi suspenso o contrato, uma vez que foi sinalizado a impossibilidade de entrega dos equipamentos.

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