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Ioga ajuda a combater depressão e ansiedade em idosos, diz pesquisa

A dissertação “Os efeitos da yoga sobre a atenção, memória e o desempenho executivo de idosos saudáveis” da pesquisadora Mônica dos Santos Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento (PPGNEC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta que a prática regular de ioga auxilia no combate à ansiedade e depressão em pessoas idosas. 

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O grupo da pesquisa de Rodrigues foi composto, em sua maioria, por mulheres (78%), brancas (64%), aposentadas (75%), nível superior completo (64%) e renda mensal entre três e seis salários mínimos (71%). Todas moradoras de João Pessoa e com diagnóstico de pessoas saudáveis. 

“Idosos considerados saudáveis foram aqueles que não apresentaram, por exemplo, traumatismo craniano, distúrbios de aprendizagem, abuso de álcool ou drogas, graves déficits de audição ou de fala, Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla e doenças cerebrovasculares”, argumenta. 

Conforme a pesquisa, a melhora sobre os sintomas ansiosos e depressivos foi verificada a partir de uma contagem global em um conjunto de perguntas envolvendo sintomas característicos, como ‘eu me sinto alegre’, ‘sinto medo, como se algo ruim fosse acontecer’ e ‘tenho a sensação de estar em pânico’. “Eles foram reduzidos após o período de intervenção”, atesta. 

De acordo com Mônica Rodrigues, o hata-ioga (forma de ioga pré-clássico) tem demonstrado efeitos importantes sobre as funções cognitivas e fatores afetivos associados. “Quanto maior a frequência e o período dedicados à prática, mais expressivos serão os efeitos de maneira global. Pesquisas comparativas entre praticantes avançados e iniciantes fortalecem esse ponto”, explica. 

As conclusões, nos dados da pesquisa de Rodrigues, indicam que a prática regular (duas vezes por semana, frequência mais observada na realidade do Brasil), mesmo por um período de 15 dias (correspondendo a cinco aulas, um período considerado breve) já apresenta potencial de proporcionar benefícios cognitivos e afetivos.

A memória, relata a pesquisadora, foi avaliada na prática de ioga por três meses. “Demonstrou efeito significativo sobre a capacidade de manutenção das informações de modo temporário (memória de trabalho) e as queixas de falta da memória prospectiva e retrospectiva. Ocorreu uma diminuição na frequência de esquecimentos, por exemplo, sobre compromissos e acontecimentos da vida cotidiana”, cita. 

Quanto à atenção plena, foi constatado que “o grupo passou a notar e estar mais atento às experiências e eventos (internos e externos) e aprimorou a capacidade de perceber pensamentos, sentimentos e conteúdos sem reagir a eles e ser afetado por eles do mesmo modo que antes”.

Envelhecimento

Projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que, no período de 1950 a 2025, o número de idosos no Brasil aumentará três vezes mais em relação ao aumento da população total, o que corresponderá aproximadamente a 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade.

Mônica Rodrigues enfatiza que o processo de envelhecimento não é homogêneo e os declínios cognitivos associados a fatores genéticos e socioculturais podem ser prevenidos e minimizados.

“Atenção e memória são aspectos cognitivos que dão suporte às atividades cotidianas e afetam diretamente a qualidade de vida da população. A prática de ioga representa uma possibilidade de intervenção acessível e segura para a prevenção e promoção de saúde cognitiva da população crescente de idosos, atuando de forma efetiva na qualidade de vida deles”, reforça a pesquisadora. 

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