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Jornalista Paulo Brandão foi assassinado há 39 anos, em João Pessoa

Motivação do crime do diretor-presidente do Sistema Correio de Comunicação foi uma publicação com várias denúncias contra o Governo da Paraíba àquela época

O dia 13 de novembro de 1984 faz parte de uma reviravolta na história do jornalismo paraibano. É que, nessa data, o jornalista, advogado e empresário Paulo Brandão foi assassinado a tiros quando deixava o prédio da antiga fábrica Polyutil, em João Pessoa, onde também funcionava um escritório administrativo do Sistema Correio de Comunicação. Mais de 30 tiros foram disparados por metralhadoras e pistolas de policiais militares.

A motivação do crime do diretor-presidente do grupo foi uma publicação com várias denúncias feitas pelo Jornal Correio da Paraíba, que era dirigido pelo jornalista, contra o Governo da Paraíba. A série de reportagens traziam esquemas de fraudes em licitações e superfaturamento no governo estadual, que, àquela época, tinha a gestão do então governador Wilson Braga.

Paulo Brandão
Página do Jornal Correio da Paraíba noticiando a morte de Paulo Brandão, em 13 de dezembro de 1984 (Arquivo / Correio da Paraíba)
Foto: Arquivo / Correio da Paraíba

O homicídio ficou marcado como um dos atos mais violentos contra um profissional de imprensa da Paraíba. Tão logo foram iniciadas as investigações, a Polícia Civil já trabalha com a suspeita que o crime havia sido premeditado por membros do governo. No entanto, o inquérito conduzido pelo então delegado Janduy Pereira não encontrou nada de concreto.

Posteriormente, o caso passou a ser investigado pela Polícia Federal, que, prontamente, confirmou que a metralhadora usada no crime pertencia ao Palácio da Redenção.

Acusados e dinâmica do crime

Foram indiciados pelo assassinato de Paulo Brandão o coronel da PM José Geraldo Soares de Alencar, conhecido como “Coronel Alencar”, à época chefe da Casa Militar do Governo do Estado; o sargento Manoel Celestino da Silva; o subtenente Edilson Tibúrcio de Andrade; e o cabo José Alves de Almeida, conhecido como “cabo Teixeira”.

O coronel Alencar foi quem planejou a dinâmica do crime, executado pelos outros três militares. Ele foi condenado a 20 de prisão, como mentor intelectual. O sargento Manoel Celestino foi condenado a 23 anos de prisão, por ter sido um dos executores, mesmo motivo da condenação do subtenente Edilson, a 15 anos de prisão.

Já o cabo Teixeira usou as brechas da lei para escapar da prisão. Ele ficou foragido durante muitos anos, o que dificultou a realização de seu julgamento. Somente em 2010, 26 anos após o crime, a Justiça decidiu julgar o último acusado, mesmo com sua ausência, mas o resultado foi favorável ao réu. Teixeira já tinha 74 anos de idade e a legislação diz que a idade do réu passando dos 70, o prazo para prescrição do crime cai pela metade.

Condenado pela morte de Paulo Brandão ‘entregou’ ex-governador (Arquivo / Correio da Paraíba)
Foto: Arquivo / Jornal Correio da Paraíba

Roberto Cavalcanti: “Era uma pessoa especial”

O presidente do Sistema Correio de Comunicação, Roberto Cavalcanti, comentou sobre a morte de Paulo Brandão, seu sócio e amigo, e deu ênfase ao trabalho desenvolvido pelo jornalista no Jornal Correio da Paraíba.



“Ele pagou com a vida por fazer denúncias contra governos que não mereciam lá estar. Às vésperas do dia 13, ele fica nas esquinas, nos birôs, nos corredores, lembrando o dia 13. É um dia triste para o Sistema Correio, mas nos engrandece a nossa capacidade de luta, de persistência e de consciência de dever cumprido em busca de justiça”, disse.

Ele também falou sobre a amizade que tinha com Paulo Brandão.

“Nós fomos criados muito próximos. Éramos também companheiros de empresa. Ele tinha uma inteligência prodigiosa, conhecida nacionalmente. Era uma pessoa especial, de temperamento extrovertido, falante. Talvez isso que tenha magoado os articuladores da morte de Paulo Brandão”, finalizou.

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