Os peritos do Instituto de Polícia Científica da Paraíba (IPC-PB) constataram que Ewerton Arthur Santos, 22 anos, não usava nenhum equipamento de segurança durante acidente de trabalho que provocou a morte dele nessa terça-feira (23), dentro de um silo de trigo no Grande Moinho Tambaú, na cidade de Cabedelo, na Grande João Pessoa. O corpo foi achado, nesta quinta (25), soterrado por cinco toneladas de grãos, cerca de 36 horas depois.
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“Comprovamos que o trabalhador usava apenas máscara simples. O jovem não usava nenhum equipamento de segurança na hora do acidente. Ele deveria estar usando cinto de segurança, cabo guia ou linha de vida, óculos, capacetes, proteção coletiva e individual. Nenhum desses itens a vítima usava”, constatou o perito criminal Robson Félix.
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Os familiares da vítima denunciaram que a empresa não prestou assistência aos parentes do trabalhador. Em nota, a empresa Saul SN Prestadores de Serviço, contratada do M. Dias Branco, negou a negligência e disse que todo amparo foi prestado à família enquanto era realizado o trabalho para localização.
O corpo foi levado para a Gerência de Medicina Executivo de Medicina e Odontologia Legal (Gemol), no bairro do Cristo Redentor, na Capital, para ser periciado.
Segundo a Grande Moinho Tambaú, responsável pela empresa Saul SN, que empregava o funcionário, foi oferecida, desde o início, toda a estrutura necessária à família da vítima.
“A Unidade Grande Moinho Tambaú ofereceu desde o início toda a estrutura necessária à família do funcionário terceirizado da Saul SN Prestadores de Serviços, disponibilizando uma sala privativa no local, com refrigeração e alimentação, para que pudesse acompanhar o resgate. Uma profissional do departamento de Recursos Humanos (RH) da empresa ficou à disposição da família. Hoje [quinta/25], os parentes do funcionário terceirizado tiveram acesso às dependências da empresa, sendo assistidos também por uma profissional de RH. Gestores e técnicos do moinho acompanharam pessoalmente as operações, enquanto o corpo diretivo assegurou à equipe local todos os recursos necessários ao apoio à família e ao Corpo de Bombeiros”, disse a empresa, em nota.
O Grande Moinho Tambaú também voltou a se solidarizar com a perda. “Reforçamos nosso sentimento de pesar com relação ao acontecido. O resgate levou o tempo necessário para o atendimento de todas orientações de segurança do corpo de bombeiros. Neste momento difícil, a empresa está absolutamente solidária com a dor e o luto, prestando toda a assistência possível”.
Destinação dos grãos
Nesta quinta (25), houve uma reunião na empresa entre o Ministério Público, Vigilância Sanitária e os peritos para tratar do descarte do trigo. O material retirado do silo estava sendo armazenado em local impróprio e a população estaria pegando os grãos retirados do equipamento.
“Recomendamos a inutilidade do trigo para o consumo humano e animal. Esse material deve ir para um local seguro onde a população não tenha acesso nem prejudique o meio ambiente. A empresa estava colocando os grãos em sacos de náilon e a população saqueando para consumo humano”.
De acordo com o perito Robson Félix, do Instituto de Polícia Científica da Paraíba, o jovem caminhava por cima da camada do trigo quando foi sugado. “Um buraco se abriu na camada de trigo e ele foi sugado. O corpo foi encontrado no fundo do silo depois de descer de uma altura de cerca 6 metros. O silo tem uma capacidade para 10 toneladas, mas tinha aproximadamente 5 toneladas. A perna dele entrou no tubo onde o trigo desce para esteira. Solicitamos documentos para saber se o rapaz tinha treinamento para trabalhar em espaço confinado e usava equipamento de proteção individual”, falou o perito.
Em nota, o Grande Moinho Tambaú disse que o silo onde o corpo do jovem foi achado será totalmente esvaziado e que todo o material será levado ao aterro sanitário.
“Declaramos, para os devidos fins e sob as penas legais, que será absolutamente esvaziado o interior do silo de armazenamento de trigo em que veio a ocorrer o acidente com vítima fatal, e que todo o material retirado será destinado ao aterro sanitário, de acordo com as normas de segurança e ambientais vigentes. Comprometemo-nos, ainda, a fornecer a este órgão pericial cópia da documentação de descarte, tão logo seja concedida pela autoridade ambiental competente”, disse o texto da empresa.