O Ministério Público da Paraíba (MPPB) pediu a interdição do Centro Socioeducativo Edson Mota (CSE), localizado no bairro de Mangabeira até que a Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (Fundac) solucione definitivamente as irregularidades apontadas na instalação, sob pena de fechamento da unidade de internação e a aplicação de sanções de ordem civil e administrativa às pessoas físicas responsáveis.
Conforme a promotora de Justiça de João Pessoa, Catarina Gaudêncio, em pouco mais de quatro meses, dois adolescentes morreram na unidade: o primeiro em meio a uma rebelião foi assassinado com uma tampa de esgoto de concreto e o segundo, fruto de uma descarga elétrica, provocada por falhas estruturais e de segurança no local.
Os problemas estruturais foram objetos de ação do MPPB transitada em julgado desde 2018, condenando o Estado da Paraíba e a Fundac a providenciarem a reforma na entidade. “A representação pela interdição foi oferecida em razão do descumprimento da decisão judicial e visa salvaguardar a vida e a integridade física dos socioeducandos e dos funcionários da unidade”, destacou.
A representação é um desdobramento do inquérito civil 002.2021.042964 que foi instaurado para apurar os fatos que levaram à morte de um socioeducando, no dia 12 deste mês, no interior do CSE.
A reportagem do Portal Correio entrou em contato com a assessoria de imprensa da Fundac para saber o posicionamento da entidade sobre o assunto, mas até a publicação desta matéria não havia se manifestado. O direito de resposta é garantido à fundação, que poderá entrar em contato através do endereço de e-mail [email protected].
Nos autos, fotografias comprovam a precariedade das instalações físicas e a inexistência de condições de habitabilidade, higiene e salubridade no Centro Socioeducativo Edson Mota.
Nas inspeções, foi constatado que os socioeducandos dormem, alimentam-se e fazem suas necessidades fisiológicas no mesmo ambiente, sem qualquer tipo de separação, improvisando cortinas, com os lençóis que usam para dormir, na tentativa de terem o mínimo de privacidade na hora de urinar e evacuar.
A unidade também apresenta um problema grave em relação à rede e instalações elétricas. Como o projeto elétrico da unidade não previu a instalação de tomadas no interior dos quartos dos socioeducandos, todos os equipamentos eletrônicos são ligados em extensões e fios em precário estado de conservação, em tomadas que ficam fora das celas, o que resulta em uma enorme quantidade de fios enrolados e pendurados nas grades de ferro.