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Não-eleitos chegam ao poder após devassa em Cabedelo

Imagine você se tornar prefeito de uma cidade com um eleitorado de mais de 44 mil pessoas com apenas 834 votos. Pois foi exatamente o que aconteceu com o agora mandatário de Cabedelo, Vítor Hugo (PRP), que assumiu o comando da cidade portuária nessa quarta-feira (4) após uma série de escândalos no município.

Na terça-feira (3), o então prefeito de Cabedelo, Leto Viana (PRP) foi preso após ser alvo da Operação Xeque-Mate, deflagrada pela Polícia Federal. Também foram presos o presidente da Câmara Municipal e mais quatro vereadores. O vice-prefeito e mais cinco parlamentares foram afastados do cargo.

Com isso, a Câmara de Vereadores e a Prefeitura de Cabedelo ficaram sem comando. Foi eleita uma nova mesa diretora na Câmara, em que Vítor Hugo foi eleito presidente. Com a linha sucessória, ele assumiu a prefeitura da cidade. Para se ter uma ideia, Leto havia assumido com 15.901 votos, o que representou 48,3% do total de votantes.

Mas não foi apenas Vítor Hugo que se beneficiou com a devassa em Cabedelo. Por conta do afastamento dos vereadores, dez suplentes conseguiram uma cadeira na Câmara Municipal. Teve suplente que assumiu tendo apenas 309 votos, o que representa 0,88% dos votos. Confira a lista de quem assumiu e sua votação ao fim da matéria.

Para o cientista político e professor José Artigas, esse fato não pode ser considerado como antidemocrático ou mesmo que enfraqueça a democracia, pelo fato de estar sustentado pela lei, porém, ele vê como ruim.

“A legislação prevê que não ocorra nova eleição. Neste caso não há muito questionamento, a lei é essa. Este é o sistema. É bom destacar que o infelizmente os suplentes fazem parte do processo. É ruim, mas não é antidemocrático”, declarou.

Segundo ele, é ruim pelo fato da população não conseguir entender o cálculo que é feito para que se chegue ao resultado final para as cadeiras de um Parlamento. Ainda de acordo com o professor, em uma das eleições foram necessários 400 cálculos matemáticos para se chegar ao resultado. Ele explicou ainda que por conta das coligações proporcionais, muitas vezes o eleitorado não se sente contemplado.

“O voto não vai para o candidato. Vai para partido ou coligação. Só para se ter uma ideia da importância, dos 513 deputados federais, apenas 36 foram eleitos com seus próprios votos. A maioria foi eleita com votos que sobraram. Então não votamos em candidatos, votamos em partidos e coligações. E nisso há um conflito de representação. Porque você pode votar em um candidato de um partido com uma ideologia ‘A’ e ele ter se coligado com um partido de ideologia ‘B’, que pode ser o oposto da outra e com isto você pode acabar elegendo quem não te representa”, explicou.

Ele disse ainda que a partir das eleições de 2020, as coligações proporcionais estarão proibidas, fazendo com que essa discrepância seja, ao menos, diminuída.

Veja a lista com os novos vereadores e suas votações em 2016, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral:

Benone Bernardo (PRP) – 567 votos
Josimar da Silva Lira (Josimar Cabeleireiro) (PRP) – 509 votos
Valdi Silva Moreira (Valdi Tartaruga) (PRP) – 457 votos
Herlon Cabral (PRP) – 441 VOTOS
Divino Francisco (PRP) – 426 votos
Maria do Socorro Gomes (Socorro de Jacaré) (PRP) – 421 votos
José Francisco Pereira (Pereira) (PSDB) – 536 votos
Janderson Bizerril de Brito (PSDB) – 399 votos
Jonas Pequeno dos Santos (PSDB) – 309 votos
Maria das Graças Carlos Rezende (Graça Rezende) (MDB) – 473 votos

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