Enquanto na América Latina, os líderes empresariais têm tido como maior preocupação os novos modelos de trabalho, os funcionários alertam para os principais fatores que os ajudam a serem mais produtivos.
Para mapear as tendências dos ambientes corporativos cada vez mais flexíveis e voláteis, a consultoria Mercer realizou uma pesquisa global onde ouviu quase 11 mil altos executivos, líderes de RH e funcionários para um raio-x de tendências.
O mercado de trabalho e as empresas têm vivido uma nova era diante de fenômenos advindos da pandemia, como o trabalho remoto, as demissões voluntárias – conhecida como a Grande Resignação e, agora, o quietquitting – luta contra o excesso de trabalho.
Com isso, os líderes têm tido a missão não apenas de engajar equipes, fomentar a produtividade e fortalecer as empresas, mas, também, a missão de transformar a cultura organizacional para que as pessoas continuem aprendendo sem deixar de lado a busca pela melhoria dos resultados.
De acordo com o estudo, as preocupações empresariais são distintas pelos continentes. Na América Latina, a aplicação e a sustentabilidade dos novos modelos de trabalho tiram o sono dos executivos. Já na América do Norte, a preocupação fica a cargo dos riscos cibernéticos e segurança de dados, seguido pela resiliência dos negócios, na Ásia, e a aceleração digital na Europa.
Na avaliação dos funcionários latino-americanos, são 10 os principais fatores que determinam o crescimento profissional:
Para o especialista em carreira, empreendedorismo e gestão empresarial, Paulo Junior, CEO da PJI Consulting, o estudo mostra a importância do propósito na vida das organizações e também das pessoas.
“Quando um profissional sabe o motivo pelo qual ele se levanta da cama pela manhã fica mais fácil entender o valor da sua contribuição na transformação do mundo. Isso não é diferente para as empresas que, neste novo cenário de maiores incertezas, devem também se transformar e dar sentido maior ao que fazem, não apenas dar lucro, mas dar propósito a esse lucro.
Em um quadro comparativo, a pesquisa revelou também que em 2019, 74% dos funcionários se sentiam energizados, mas, em 2022, houve uma queda para 63%. Os homens (69%) estão mais energizados que as mulheres (57%).
Funcionários altamente energizados são mais propensos a trabalhar para uma empresa que ofereça bem-estar integral, lida bem com a complexidade organizacional e têm uma cultura inclusiva.
Também em 2019, 63% dos trabalhadores sentiam correr risco de burnout. Percentual que cresceu em 2022. Hoje, 81% dos profissionais sentem esse risco. Os fatores que causam o burnout nos homens são a percepção da injustiça e a falta de uma rede de apoio. Para as mulheres, o burnout ocorre por causa da carga de trabalho e das demandas emocionais da pandemia.
Quem sofre maior risco de burnout são a geração Z (89%) e a geração Y (89%), sendo a geração X abaixo da média, em 78%, e os baby boomers significativamente mais abaixo, em 58%.
Nesse aspecto, Paulo Junior analisa que as pessoas entenderam a importância de se buscar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, integrando essas duas dimensões em uma vida mais abundante e com sentido mais claro.
“O problema é que muita gente ainda não sabe como equalizar isso, quais métodos usar e, ainda o mais importante, por que caminhar nesse rumo da transformação. Nesse sentido, as empresas que reforçarem uma cultura de aprendizagem contínua, além da cultura de resultados [baseada somente em desempenho], estarão ajudando as pessoas a se encontrarem na vida, levando-as a focar no que é verdadeiramente relevante”, explica.
O especialista acrescenta que “diante de um ambiente de incertezas, mais do que nunca, é preciso entender o seu propósito para enxergar as oportunidades em meio a tantas pressões da vida real. Somente assim um profissional atenderá seus próprios anseios, as expectativas da empresa e da sociedade”.