Faltando apenas nove meses para as eleições municipais, nenhum partido bateu o martelo quanto aos seus candidatos a prefeito nos 10 maiores colégios eleitorais da Paraíba. Mesmo sem uma definição, as legendas já deram início ao processo de discussão para a escolha dos postulantes que devem disputar a reeleição em oito municípios. Especialistas acreditam que os últimos acontecimentos ocorridos no estado por conta da Operação Calvário fizeram com que as siglas empurrassem as decisões eleitorais mais para frente.
Para o cientista político e professor doutor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Lúcio Flávio, o processo para as eleições para prefeitos e vereadores nos 10 maiores centros eleitorais da Paraíba está contaminado pelas várias operações policiais, como a Andaime, Xeque-Mate, Famintos e, com maior destaque, a Calvário.
“As delações advindas com essas operações alteraram significativamente as forças políticas que se movimentam para disputar o próximo pleito. Nunca se viu no estado tantos políticos e seus agentes atolados no lamaçal da corrupção. Além disso, como ainda faltam 10 meses para as eleições, uma eternidade para a dinâmica da política, muitos fatores políticos, jurídicos e policiais alterarão o jogo”, destacou o professor.
Segundo Lúcio Flávio, o fato mais relevante é como o governador João Azevedo, ainda sem partido, irá se posicionar na eleição. Dono da maior quantidade de cargos a serem preenchidos, além de verbas para obras a serem realizadas nos municípios, João será, inquestionavelmente, o principal cabo eleitoral.
“Mas só os desdobramentos da operação Calvário, que parece não ter perdido força, que irão dar o norte de como atuarão os principais líderes políticos do nosso estado. A grande expectativa gira em torno das possíveis novas delações, que têm tirado o sono de muitos agentes públicos nos últimos meses”, observou.
Em João Pessoa a sucessão será comandada pelo atual prefeito Luciano Cartaxo, presidente estadual do PV. Como não pode mais disputar, o gestor terá que escolher um nome dentro da legenda para disputar.
Aliado, o deputado federal Ruy Carneiro, presidente do PSDB de João Pessoa, já disse que é pré-candidato na disputa, mas não deu certeza se disputará o pleito mesmo sem o apoio do atual chefe do Executivo.
Em outra frente, também aliado de Luciano Cartaxo, o deputado estadual Eduardo Carneiro (PRTB) busca o apoio do prefeito para uma possível aliança.
Pela oposição, o PSB era um concorrente forte até dezembro do ano passado quando a sétima fase da Operação Calvário levou para a prisão nomes importantes da legenda, entre eles o do ex-governador Ricardo Coutinho. O ex-gestor era nome quase certo para a disputa pela Prefeitura de João Pessoa. Agora, a legenda sob o comando do deputado federal Gervásio Maia vai reavaliar e rever as estratégias.
Também surge o nome do deputado estadual Wilson Filho, que já foi anunciado pelo PTB em uma aliança com o Podemos. Wilson Filho já chegou a se lançar pré-candidato a prefeito nas eleições de 2016, mas desistiu e passou a apoiar a candidatura da atual deputada estadual Cida Ramos (PSB). O petebista figurou na chapa como candidato a vice-prefeito.
Assim como na Capital, em Campina Grande o prefeito Romero Rodrigues, também presidente estadual do PSD, não poderá concorrer ao pleito de outubro. Romero terá que escolher um sucessor para manter o comando da administração municipal. Por lá, o gestor aposta no diálogo com os partidos aliados para escolher o nome. Enquanto isso, alguns interessados já se colocam a disposição para a disputa.
Um deles é o deputado estadual pelo PSDB e atual secretário de Planejamento do município Tovar Correia Lima. Ele afirmou que seu nome está a disposição, mas só será candidato se houver um consenso entre as legendas aliadas a Romero. Apesar disso, o deputado mantém conversas com o seu partido e com o prefeito sobre as eleições.
Também entre os aliados, Romero pode contar com o atual secretário Chefe de Gabinete, o ex-deputado estadual Bruno Cunha Lima, que também trabalha pela candidatura. Bruno pode, inclusive, sair candidato mesmo sem o apoio de Romero e, por isso, ainda estuda a qual partido se filiar.
Pela oposição na Rainha da Borborema aparece o nome da secretária de Estado do Desenvolvimento e Articulação Municipal, Ana Cláudia Vital do Rêgo. Seu nome já foi anunciado pelo Podemos em uma aliança firmada no fim do ano passado com o PTB. Ana Cláudia chegou a dizer que Campina Grande necessita de uma renovação e com uma nova forma de administrar.
Santa Rita
Emerson Panta disputará a reeleição. O gestor, que pegou a prefeitura em estado de caos administrativo e o município com lixo nas ruas, salários atrasados e problemas fiscais, aos poucos foi imprimindo seu estilo de governar.
O prefeito pode ter um adversário com mesmo sobrenome em 2020. Aponta-se que Flávio Panta, primo do atual gestor, pode ser candidato. Podemos ter em Santa Rita um acontecimento não muito comum. É que o prefeito de Cruz do Espírito Santo, Pedrito (PSD), é apontado como um dos nomes da oposição e pode sair pré-candidato na cidade. O nome do ex-vereador João Júnior, presidente do PSB municipal, e do economista Adones Júnior também são lembrados.
Outro nome apontado como futuro candidato é o doutor Juca. Em 2014, ele concorreu a uma vaga na Assembleia, tendo obtido 8.897 votos. O ex-deputado estadual Zé Paulo (PT) é outro que pode entrar na disputa.
Bayeux
O atual prefeito Berg Lima, apesar de já ter sido preso e enfrentar pedidos de cassação na Câmara Municipal, deve ser candidato a reeleição. O gestor pode enfrentar uma mulher na disputa de outubro. É que já se especulam nomes como a da ex-vereadora de João Pessoa Nadja Palitot, da novata Ivanúbia Pires, ex-esposa do apresentador Jota Júnior, além da ex-prefeita Sara Cabral.
Outros nomes também podem aparecer na disputa como do ex-prefeito Expedito Pereira e de Capitão Antônio, Léo Micena, Edson do Ki-Preço, Roberto Alexandre, Doutor Francisco, Aécio Farias, Jefferson Kita, Ronaldo Luiz, Mazinho e Luciano do Impacto Som.
Cabedelo
O prefeito Vitor Hugo será novamente candidato. O gestor foi eleito durante um processo eleitoral suplementar por conta do afastamento de Leto Viana, envolvido em um esquema de corrupção no Município desbaratada pela Operação Xeque Mate. Na Cidade portuária, Vitor Hugo deve enfrentar nomes como o do deputado estadual Felipe Leitão.
Em Sousa, o prefeito Fábio Tyrone (PSB) pode enfrentar nomes como o de Dr. Zé Célio, do ex-prefeito André Gadelha ou até mesmo o de Cacá Gadelha. Na vizinha cidade de Cajazeiras, a disputa deve ficar entre o atual prefeito José Aldemir (Progressistas) e possivelmente o deputado estadual e ex-vice-prefeito Júnior Araújo, que pode entrar na disputa de outubro.
No Brejo, os partidos começam a discutir as possibilidades de alianças e os nomes que irão disputar as prefeituras. Em Guarabira, a disputa deve ficar mais uma vez entre os nomes indicados pelas famílias Toscano e Paulino.
O atual prefeito Zenóbio Toscano (PSDB) não poderá disputar a reeleição e ainda estuda o nome que vai para a disputa pela manutenção do comando da administração municipal. O possível indicado é o atual prefeito interino, Marcus Diogo, que vem se dedicando a continuar o trabalho de Zenóbio no município.
Por outro lado, o nome do deputado estadual Raniery Paulino (MDB) figura como uma opção forte para o embate no município. O parlamentar ainda não confirmou se vai mesmo disputar, mas garante que é um soldado do partido e estará a disposição se a população e a legenda quiser.
Em Sapé, a disputa deverá novamente ser encabeçada pelo agrupamento do atual prefeito, o socialista Roberto Feliciano, e por nomes da oposição, sendo o principal deles João da Utilar, ex-prefeito do município.
O atual prefeito foi reeleito em 2016 com 69,14% dos votos e, em 2020, deve indicar um candidato do seu grupo. Um dos nomes apontados é o do vereador e presidente da Câmara na cidade Luiz Limeira, mais conhecido como Luizinho.
João da Utilar promete estar na disputa pela prefeitura do Município mais uma vez. Em 2016, os votos atribuídos a ele não foram contabilizados depois que a candidatura dele foi barrada pela Justiça Eleitoral. Ele poderá polarizar a disputa do próximo ano ao fazer um tom crítico à atual administração.
Outro nome lembrado para a disputa é o da deputada estadual Cida Ramos, que tem base eleitoral em Sapé. Ela é vista como opção socialista na cidade, tendo o apoio do PSB e de lideranças locais.
*Texto de André Gomes, do Jornal Correio