O presidente do Sindicato dos Servidores da Secretaria da Administração Penitenciária da Paraíba (SINDSEAP-PB), Manuel Leite de Araújo, disse que a fuga de mais de 100 apenados na madrugada desta segunda-feira (10) da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes (PB1), em João Pessoa, era previsível diante da condição precária a que a unidade está submetida. Segundo ele, apenas 16 agentes fazem a segurança no local, quando o número deveria ser de ao menos 60 e o déficit de pessoal em todo o estado é de 2,3 mil.
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De acordo com Manuel, o sindicato vinha alertando há bastante tempo o governo sobre a situação, mas não foi ouvido. Ele disse que os problemas atingem o sistema prisional como um todo, e vão desde falta de estrutura a um efetivo de servidores insuficiente. “Na Paraíba não temos nenhuma penitenciária de segurança máxima. O PB1, por exemplo, leva o título, mas não tem a menor estrutura para isso. Só para se ter uma ideia o efetivo que trabalha na unidade é de apenas 16 de agentes penitenciários, quando deveria ser 60, aproximadamente”, afirmou.
Manuel também disse que por conta do baixo efetivo, algumas guaritas do presídio estão sem a presença de policiais militares.
Outro problema relatado pelo presidente do sindicato é o armamento utilizado para garantir a segurança no presídio. Ele disse que enquanto a bandidagem se modernizou e utiliza um armamento pesado, mas os agentes não possuem armas com o mesmo calibre. “Esse é o conjunto mínimo necessário para se garantir a segurança no presídio, mas infelizmente não dispomos de nenhuma estrutura para trabalhar”, denunciou.
Condições precárias de trabalho
Manuel lamentou a falta de diálogo do governo em relação à categoria e revelou que os agentes penitenciários da Paraíba recebem o pior salário do país. “Infelizmente não temos sequer o plano de cargos, e o que vemos são, muitas vezes, nossos agentes trabalhando doentes, com depressão, devido à carga de estresse a que são submetidos”, observou.
Ele também revelou que o efetivo de agentes é insuficiente na Paraíba. Segundo presidente do Sincaidto, o estado só conta com 1,7 mil agentes penitenciários, quando deveria possuir cerca de 4 mil servidores. “A situação não é nada fácil. Você imaginar, por exemplo, que um presídio como o Róger, em João Pessoa, chega a ter apenas dois agentes de plantão”, arrematou.
Entenda o caso
Cento e cinco detentos fugiram da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes (PB1) na madrugada desta segunda-feira (10). A fuga em massa aconteceu após um grupo composto por ao menos 20 homens fortemente armados invadir o complexo prisional e detonar explosivos no portão principal. A intenção dos bandidos seria resgatar quatro detentos, que são suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em roubo a bancos. Muitos outros presos acabaram aproveitando a oportunidade para escapar da unidade.
Um tenente da Polícia Militar acabou gravemente ferido durante a fuga em massa. Ele estava na sede da Academia de Polícia Civil (Acadepol), no momento em que foi atingido por um tiro na cabeça. O prédio fica na rodovia estadual PB-008, que fez parte da rota de fuga dos detentos. O policial foi socorrido para o Hospital de Emergência e Trauma, em situação grave.
Moradores das imediações do presídio ouviram a explosão e tiros. Nas redes sociais, áudios, fotos e vídeos circulam demonstrando o medo das pessoas, que relatam, inclusive, a possível invasão de detentos a casas próximas ao PB1.