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Do Litoral ao Sertão: quais são as obras na BR-230 e por que a demora com os prazos

Obras se arrastam desde 2016, com problemas envolvendo órgãos de controle e burocracias. Dnit garante que triplicação ficará pronta este ano e demais obras, em 2026
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BR-230 liga Litoral ao Sertão da Paraíba (Foto: Divulgação/Dnit-PB)

A BR-230, principal rodovia federal que corta toda a Paraíba, virou um canteiro de obras com prazos questionáveis. Desde 2016, pelo menos, que a duplicação da rodovia entre Campina Grande e Cajazeiras é assunto, seja pela viabilidade orçamentária, andamento das obras ou polêmicas com investigações pelos altos custos e supostas irregularidades.

Já no Litoral, as polêmicas são diferentes, mas envolvem a mesma rodovia. O trecho entre João Pessoa e Cabedelo, na região metropolitana, passa por obras de triplicação que começaram em 2018 e também não foram concluídas.

À TV Correio, o novo superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-PB), Arnaldo Monteiro, defendeu a importância das obras não sofrerem mais interrupções: “Vamos ter que andar”, disse.

Segundo ele, as obras de triplicação entre Cabedelo e João Pessoa deverão ser concluídas no fim deste ano e as outras ampliações no interior do estado, somente em 2026. Acompanhe abaixo.

Duplicação no interior

As obras de duplicação da BR-230 entre Campina Grande e o Sertão da Paraíba foram autorizadas em 2018, até a cidade de Boa Vista, o que compreende apenas um trecho com cerca de 30 km. Ainda restarão cerca de 500 km para a conclusão definitiva, que deverá ser em Cajazeiras, no Sertão.

Quando começou a obra

A obra teve a ordem de serviço assinada pelo Governo Federal em 2018. A ideia era fazer da BR-230 uma das poucas rodovias federais do país com mais de 500 km duplicados.

Recursos

Na época, os primeiros recursos para a obra tinham sido viabilizados pelo então senador Raimundo Lira (PMDB – hoje MDB). Ele foi relator do orçamento do Ministério dos Transportes.

Qual o valor total da duplicação

As obras de duplicação da BR-230 de Campina Grande ao Sertão estavam orçadas em R$ 3 bilhões quando foram anunciadas em 2018.

Primeira etapa

Inicialmente, a construção contemplava apenas cerca de 30 km, o que compreende o trecho entre Campina Grande e a Comunidade da Farinha, onde fica a Praça do Meio do Mundo, em Boa Vista, no Cariri do estado.

O local é o ponto onde a rodovia se conecta com outra federal, a BR-412, que segue pelo Sul para Sertânia, em Pernambuco, passando pelas cidades paraibanas de Serra Branca, Sumé e Monteiro.

Essa parte da obra estava orçada, naquele momento, em torno de R$ 165 milhões.

Por que a obra não andou

Em dezembro de 2018, a obra mal tinha sido iniciada quando foi barrada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Na época, a Corte alegou que a duplicação tinha sido licitada sem licença ambiental prévia e tinha adotado critérios inadequados de medição e pagamento dos serviços.

Em novembro de 2021, a obra foi liberada pelo TCU, que desfez o embargo com relação ao licenciamento ambiental, mas manteve outras suspensões. Mesmo assim, o impasse com a construção ainda continuou.

Alvo do MPF

O alto custo da obra entrou na mira do Ministério Público Federal (MPF). Em junho de 2022, o MPF instaurou notícia de fato (procedimento apuratório) para acompanhar a execução da duplicação da BR-230 entre os municípios de Campina Grande e Pocinhos.

A instauração ocorreu a partir do conhecimento de notícia veiculada na imprensa sobre a autorização para início das obras de duplicação e considerou o expressivo montante de recursos públicos federais anunciados a serem empregados e a importância da obra para a região.

Na época, o MPF apurou que a obra já teria custado R$ 368,7 milhões para apenas 31 quilômetros de extensão, sem muitos resultados e longe de ser concluída.

O MPF disse ao Portal Correio que o processo de apuração sobre a situação da obra segue em andamento.

“Trata-se de Procedimento Administrativo de Acompanhamento de Instituições nº 1.24.001.000152/2022-29, autuado em 03/06/2022, com o objetivo de acompanhar a execução da obra de duplicação da BR-230 entre os Municípios de Campina Grande e Pocinhos. O MPF vem oficiando periodicamente o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em busca de informações atualizadas sobre a execução da obra”, disse o MPF, em nota.

Mobilização pela obra

Vários parlamentares, gestores, entidades e instituições trabalham a favor da duplicação da BR-230 no interior da Paraíba.

Andamento

No último dia 24 de março, a obra ganhou novo capítulo. Representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes na Paraíba (Dnit-PB) e da empresa ganhadora da licitação da duplicação da BR-230 apresentaram projeto e cronograma de execução da obra até o Sertão.

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Veneziano caminha, com grupo, na área onde ocorrem as obras, na região de Campina Grande (Foto: Divulgação)

O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), vice-presidente do Senado, conduziu a pauta. Para este ano, ele e a ex-senadora Nilda Gondim (MDB) destinaram R$ 10 milhões para iniciar as obras.

Veneziano também confirmou com o relator-geral do Orçamento da União a inclusão, na proposta orçamentária, da destinação de R$ 173 milhões para garantir a continuidade da duplicação. O valor, anunciado por Veneziano teve a indicação garantida.

A apresentação ocorreu no canteiro de obras próximo ao Cemitério Campo Santo Parque da Paz, na Alça Sudoeste, em Campina Grande.

Importância da duplicação

Em 2021, Veneziano lembrou que por esse trecho da BR-230 passam diariamente milhares de veículos, que seguem para várias regiões do estado, como o Cariri, Sertão, Alto Sertão, Seridó e parte do Curimataú, além de várias partes do país.

“O alto fluxo de veículos, a frequência de acidentes, muitos com vítimas mortas, e a necessidade de melhorar o escoamento da produção da região para o Brasil inteiro faz dessa uma obra uma prioridade essencial”, disse ele, na época.

Para o presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), George Coelho, a continuação da duplicação da BR-230 rumo ao Sertão é fundamental para o desenvolvimento da Paraíba.

“É por onde passam, diariamente, milhares de pessoas rumo aos grandes centros, como Campina Grande e João Pessoa, vindas das mais diversas regiões da Paraíba. Por essa BR também passam mercadorias essenciais para abastecimento de municípios do interior, do litoral e de várias partes do país”, afirmou George Coelho, naquele ano.

Andamento da obra

Em visita à duplicação da BR-230, em Campina Grande, no último dia 29 de abril, o senador Veneziano disse que a execução das obras segue em três turnos, com 156 trabalhadores.

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Foto: Divulgação

“A partir do momento em que conseguimos garantir recursos da ordem de R$ 176 milhões para este ano de 2023, para o início da execução do primeiro trecho, temos a certeza de que os trabalhos serão sequenciados, sem o risco de haver paralisações ou atrasos, já que a empresa responsável tem um prazo para a conclusão dos trabalhos. Justamente por isso constatamos que o ritmo segue intenso aqui”, disse o senador.

Triplicação

A triplicação do trecho da BR-230 entre Cabedelo e João Pessoa começou em 2016, com orçamento de R$ 255 milhões na época, para um trecho pouco menor que 30 km.

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-PB), a obra de Adequação da Capacidade e Segurança da BR-230, dos KMs 0 a 28, ligando Cabedelo a João Pessoa, teve os trabalhos abandonados por um consórcio, impedindo a conclusão do empreendimento no prazo estipulado.
 
Como forma de impedir a paralisação dos trabalhos, em 2020 foi iniciada uma parceria com o Exército Brasileiro. No dia 28 de abril deste ano, o Exército Brasileiro encerrou a contribuição nesta obra.

Conforme o Dnit, a obra passa por nova licitação em 2023, “seguindo recomendações de órgãos de controle”, para que seja concluída até o fim deste ano. Sobre isso, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), usou as redes sociais para explicar. Assista aqui.

Novo superintendente do Dnit-PB fala sobre as obras

Assista abaixo, em duas partes, à entrevista do novo superintendente do Dnit-PB, Arnaldo Monteiro, ao Correio Debate, da TV Correio. Ele substitiu, recentemente, Cacildo Medeiros, e fala sobre prazos e recursos das obras na BR-230.

BR-230

A rodovia federal BR-230 tem o quilômetro 0 em Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa. Ao cortar essa região, um trecho da rodovia tem interseção com a BR-101, que segue pela costa brasileira até o Sul do país.

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BR-230 (Foto: Divulgação/Ministério dos Transportes)

Partindo da Grande João Pessoa, a BR-230 corta toda a Paraíba, segue para o Alto Sertão do estado e se estende até a Região Norte do país, com mais de 4,2 mil km de extensão.

Fundada em 27 de agosto de 1972 durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, a BR-230 também é conhecida como Rodovia Transamazônica.

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Início da BR-230 em Cabedelo, na Grande João Pessoa (Foto: From Wikimedia Commons, the free media repository)

Na Paraíba, a BR-230 é a principal via de circulação do estado para o transporte de pessoas e mercadorias, conectando as cidades mais importantes: João Pessoa, Campina Grande, Patos, Pombal, Sousa e Cajazeiras.

O trecho da BR entre a Grande João Pessoa e Campina Grande é o que está duplicado há mais tempo, concluído nos anos 2000.

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