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Por que o PIB é tão importante?

Especialista do Unipê reflete a situação atual do PIB no Brasil

Recentemente, a economista Débora Alcântara destrinchou o que é o PIB (Produto Interno Bruto) e as suas formas de cálculo. Hoje, a coordenadora de pós-graduações presenciais nas áreas de Finanças e Negócios do Unipê explica a importância da medição do PIB para um país ou uma região. 

Segundo Débora, quando o PIB está em uma situação negativa ou está decrescendo, isso significa uma queda no nível da atividade econômica, ou seja, a economia analisada está em retração. Se está positivo, por sua vez, significa que o PIB está evoluindo, traduzindo-se numa geração de emprego e de renda. A projeção de crescimento do PIB para o fechamento 2023, segundo expectativas do governo (SPE-MF), é de 3,2%. Segundo avaliações do Banco Central, divulgadas semanalmente pelo Boletim Focus, a previsão é de fechar 2023 com crescimento de 2,9%, portanto uma previsão um pouco mais pessimista por parte do mercado financeiro. Resultados positivos já são sentidos pelo comportamento de outros indicadores – taxa de desemprego de 7,6%, a menor dos últimos anos; taxa básica de juros de 12,25% favorecendo timidamente os investimentos produtivos, mas aquecendo o mercado de capitais; melhora na renda da população e nas condições de acesso ao crédito. 

“Dessa maneira, o crescimento do PIB favorece o ambiente de negócios, tornando-o atrativo não só ao investimento de empresas nacionais, mas ao investimento direto estrangeiro. Além disso, melhora a renda da população, torna o consumo mais aquecido e este consumo das famílias tem um peso muito importante na formação do PIB”, analisa Débora. O PIB é um primordial indicador das contas nacionais do país. Sobre a possibilidade de não haver a medição do PIB, seria o mesmo que comparar a uma empresa que não possui contabilidade, Débora diz que a economia poderia entrar em colapso, caso não se calculasse o indicador. “O PIB puxa diversas outras variáveis da economia, por isso não dá para cogitar um país que não tenha números, que não tenha contabilização do que se produz, do que se consome e do que se ganha”, comenta. 

“A medição do PIB é bastante importante para os fazedores de política econômica (policy makers), pois as variáveis macroeconômicas não são analisadas de forma estanque, elas são interdependentes. Para que tenhamos um PIB crescente é preciso que a inflação esteja controlada, que as taxas de juros estejam favoráveis para os investimentos das indústrias e para o consumo das famílias, que a taxa de câmbio esteja propícia ao ambiente das relações internacionais, e assim o saldo da balança comercial seja positivo. O PIB estando positivo também melhora a relação dívida PIB, ou seja, até a questão fiscal pode ser afetada positivamente. Hoje temos uma relação dívida bruta/PIB de mais de 70%. Preocupante se o governo negligenciar o equilíbrio fiscal. Segundo expectativas do Boletim Focus do Banco Central, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG)/PIB para fechamento de 2023 é de 76%”, interpreta Débora. 

“Temos também o fator risco de crédito, ou risco de calote da dívida pública, onde as nações são analisadas por empresas de rating como a Standard & Poors, Fitch e Moodys. Em junho desse ano a S&P elevou de estável para positiva a nota do Brasil. E na sequência também tivemos um upgrade pela Fitch, saímos de um grau maior de risco e vulnerabilidade e passamos para o grau especulativo. Havendo melhora nos indicadores macroeconômicos, quem sabe no médio prazo possamos chegar no grau de investimento. É bem importante essa nota de crédito, significa como a nação é vista pelo mercado internacional e pelas instituições que fornecem crédito. O PIB estando positivo favorece todo o ambiente de negócios da economia.” 

Como está o PIB brasileiro?

De acordo com projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil fechará 2023 ocupando a nona (9ª) posição entre as 10 maiores economias do mundo, com um PIB previsto de 2,12 (US$ tri). O setor de serviços representa cerca de 70% do PIB do país. A indústria corresponde a mais de 20% do PIB brasileiro, além de ser um grande exportador de commodities agrícolas e minerais, coloca Débora. 

“O Brasil tem muitas condições de subir nesse ranking. Nós temos bastante recursos naturais, a exemplo do petróleo e minério de ferro. Além das commodities agrícolas: soja, café, açúcar, entre outras. Temos também uma extensão territorial e uma população muito grandes, com isso, temos um mercado consumidor muito forte. Desse modo, para termos mais estabilidade e elevarmos o ranking, faltam alguns ajustes políticos e institucionais”, pontua.

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