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PIB: você sabe o que é?

Especialista do Unipê explica um dos principais indicadores macroeconômicos

Recorrentemente o Produto Interno Bruto (PIB) aparece como um dado quase indecifrável para boa parte da população brasileira, que desconhece ou não entende diversos conceitos econômicos. E para ajudar a entender o PIB, a economista e professora mestra Débora Alcântara, coordenadora de pós-graduações presenciais nas áreas de Finanças e Negócios do Unipê, explica um pouco sobre esse importante indicador da economia. 

“O PIB é considerado um dos principais indicadores macroeconômicos, sendo resultado da produção de todos os bens e serviços gerados dentro dos limites geográficos de um país ou de uma região, de um estado ou de uma cidade, seja por empresas nacionais ou estrangeiras. Esse indicador macroeconômico é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região e em um determinado período”, acrescenta. 

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) é o órgão responsável pelo indicador. A medição é trimestral, para se ter um “termômetro” da atividade econômica em curto prazo, e também anual. No país e no mundo, foi instituído em 1948, ficando inicialmente sob a responsabilidade do Fundo Monetário Internacional (FMI); ao longo do tempo, o método foi modificado diversas vezes, tendo em vista a evolução da economia e a necessidade de inserir setores que antes não existiam. 

“A tecnologia avançou muito, como nas áreas de software, de processamento de dados, de rádio, TV, telefonia. Portanto, é nessa linha de incluir mais setores, de aperfeiçoar e ou modificar o peso de alguns setores ou de alguns itens que se modifica a metodologia do PIB. No Brasil, por exemplo, tivemos mudanças amplas em 1997, 2000 e 2007. Para padrões internacionais, tivemos importante aperfeiçoamento do cálculo em 2015, adotado posteriormente pelos países em 2016”, conta Débora. 

Entendendo o PIB 

Quando se diz que o PIB é a produção de todos os bens e serviços finais gerados por uma economia, a especialista comenta ser fundamental entender o que se entende por “finais”. Por exemplo, um produto final, como o queijo, tem seu caminho de produção iniciado no campo, a partir do leite produzido na pecuária. 

“O esse leite é vendido para uma fábrica ou uma indústria para ser processado e modificado. Esse produto final seguirá para as gôndolas dos supermercados e chegará à mesa do consumidor. No preço final do queijo, portanto, já está embutido os custos dessas outras etapas de produção. Com isso, contabilizar cada etapa para o PIB acarretará em duplicidade, causando distorções no cálculo do índice”, explica Débora. 

Como se calcula o PIB? 

A fórmula para calcular o PIB mais convencional é a que identifica a ótica da demanda: o Produto é o somatório do consumo das famílias mais o investimento das empresas, os gastos do setor público ou gastos do governo e o saldo da balança comercial (diferença entre as exportações e as importações). 

O índice também pode ser divulgado pela ótica da oferta, que é o somatório de toda produção nos três setores que entram no cálculo do PIB brasileiro: o agropecuário, com 5% de representação, a indústria, que possui 30%, e o setor de serviços, com 65%. Este último é o que tem maior peso no cálculo, considerado o mais importante. 

“Contudo, todos os demais setores também são importantes. Sabemos que o agro é muito forte no Brasil e, embora com percentual pequeno, o valor agregado é muito expressivo. É neste setor que se encontra a produção das nossas commodities. A indústria abrange os setores extrativista, construção civil, transformação, entre outros”, comenta Débora. 

Há ainda o cálculo pela ótica da renda: o PIB é igual a remuneração do trabalho, ou seja, a remuneração da mão de obra utilizada nos diversos setores da economia somada a renda gerada por outros fatores de produção. 

“Nós temos outros fatores de produção, como a renda gerada na forma de aluguéis, na forma de juros, de lucro, de royalty. Tudo isso se soma para o cálculo do PIB, e é importante obedecer ao método das partidas dobradas, assim como qualquer contabilidade básica empresarial – “para cada débito corresponde um crédito” – neste caso, para cada produção há uma demanda equivalente e essa demanda faz com que uma renda correspondente seja gerada. Então, independentemente da ótica ser de oferta, demanda ou da renda que remunera os fatores de produção, o resultado ou o valor do PIB tem que ser o mesmo”, finaliza a economista. 

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