O presidente destituído da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, deixou, neste sábado (8), o centro de detenção em Seul onde estava desde o dia 15 de janeiro. A libertação ocorre após promotores decidirem não recorrer da decisão judicial que cancelou o mandado de prisão do líder, detido após uma tentativa de golpe de Estado.
Yoon saiu da prisão relaxado e sorridente, em um terno escuro sem gravata e com alguns fios de cabelo grisalhos à mostra. Diante de apoiadores que empunhavam bandeiras sul-coreanas e americanas, saiu do carro, acenou, levantou o punho e se curvou.
“Antes de tudo, gostaria de agradecer ao Tribunal Distrital Central por sua coragem e determinação em corrigir a ilegalidade”, disse o político em um comunicado.
Na véspera, a corte cancelou o mandado de prisão Yoon sob a justificativa de que houve erros de procedimento ao longo de sua detenção. Segundo o tribunal, a acusação que permitiu a extensão de sua prisão, no dia 26 de janeiro, por exemplo, foi feita após um prazo legal de dez dias de detenção -para chegar a essa conclusão, os juízes levaram em conta as horas em que ele estava privado de liberdade, não os dias inteiros.
O político, porém, continua suspenso de suas funções e enfrenta acusações criminais devido à sua breve imposição da lei marcial, no dia 3 de dezembro. A aplicação da medida mergulhou o país em um caos político -na ocasião, ele ainda enviou o Exército ao Parlamento, em uma tentativa de silenciar os congressistas.
As acusações podem resultar em prisão perpétua ou pena de morte, caso ele seja condenado. Há ainda o seu impeachment, que está sendo examinado no Tribunal Constitucional após ser aprovado no dia 14 de dezembro pelo Parlamento. Enquanto aguarda o veredicto, ele continua sendo oficialmente presidente do país.
Na prática, no entanto, o chefe de Estado da Coreia do Sul atualmente é o ministro das Finanças, Choi Sang-mok, que desde que assumiu o cargo, no final de dezembro, busca acalmar o mercado e tranquilizar os parceiros internacionais após a tentativa de golpe. Ele entrou no lugar do primeiro-ministro, que também sofreu um após assumir como presidente interino.
O Partido Democrático da Coreia do Sul, principal sigla da oposição, instou o Tribunal Constitucional a remover Yoon do cargo o mais rápido possível após a sua libertação, criticando a decisão dos promotores de não recorrer e “lançar o país e o povo em crise”. Já seus advogados disseram que a decisão do tribunal é o “início de uma jornada para restaurar o Estado de Direito”.
Neste sábado, cerca de 55 mil apoiadores de Yoon realizaram um comício em Seul, enquanto 32.500 pessoas protestaram contra ele, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando estimativas não oficiais.
No geral, porém, o público permanece amplamente contra o presidente. De acordo com uma pesquisa da Gallup Korea divulgada nesta sexta (7), 60% dos entrevistados dizem que ele deve ser removido do cargo e 35% se opõem à remoção.
A lei marcial não era imposta no país, marcado por vários golpes em sua história recente, desde a década de 1980. Na ocasião, ele afirmou que tentava combater forças da Coreia do Norte, sem apresentar provas.
“Eu declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas da Coreia do Norte, para erradicar as desprezíveis forças antiestatais pró-Coreia do Norte que estão pilhando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional”, disse Yoon em dezembro.
Se sua remoção do cargo for confirmada, uma nova eleição presidencial será realizada dentro de 60 dias para eleger um novo líder.
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