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Seis meses de pandemia: casos diminuem, mas cuidados continuam

Nesta sexta-feira (18) a Paraíba completa seis meses desde que o primeiro caso de paciente com infecção por Covid-19 foi registrado no estado. Até a última atualização local de dados sobre a pandemia, fornecida pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) em boletim divulgado nessa quinta-feira (17), o número total de casos notificados foi de 115.359, com 2.670 mortes. O primeiro óbito foi comunicado no dia 31 de março.

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Com os números atualizados, o que podemos observar é que há uma nítida diminuição nos registros, ainda que sejam muitos, mas já são menores que os vistos em meses anteriores. Isso não significa, conforme recomendações de segurança sanitária dos órgãos de Saúde, que as precauções e protocolos estabelecidos não precisam mais ser mantidos pela população.

Se fizermos um recorte dos últimos 30 dias, no dia 18 de agosto existiam na Paraíba 97.497 casos confirmados. Um mês depois este número cresceu 18,3%. Naquela ocasião, o estado já somava 2.203 mortes, quantidade que subiu 21,6% na última atualização.

Os dados da SES mostram que a curva de contaminação alcançou um ‘platô’, o que pode ser observado no gráfico mais abaixo que exibe a escala logarítmica dos números da pandemia, que revelam também que os registros de mortes e casos confirmados diariamente estão menores, mesmo após a implementação de medidas de flexibilização de alguns setores da economia.

Neste semestre, 88.042 pacientes se recuperaram da doença (76,3% do total de casos). O estado tinha, até a atualização mais recente, 267 internados, sendo 142 em enfermarias e 125 em UTIs. Há também aqueles que não necessitaram de internação e permaneceram isolados em casa, sendo estes 24.369 pacientes (21,1% do total de casos). A partir de testes realizados na população, 152.133 casos foram descartados para Covid-19. O número de mortos representa 2,3% do total.

A pandemia da Covid-19 já atingiu todos os 223 municípios da Paraíba, ou seja, todas as cidades paraibanas já registraram pelo menos um caso do novo coronavírus. Apenas a Capital, João Pessoa, apresenta 28.765 casos, ou 24,9% do total, seguida por Campina Grande, com 12.710, 11% dos registros.

SIM-P

Entre as novidades registradas ao longo desses seis meses, está a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P). A doença afeta crianças e adolescentes, pode estar associada à Covid-19 e tem possibilidade de levar à morte.

Em comunicado publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a entidade diz que desde abril foram relatados casos da síndrome rara, inicialmente na Europa e América do Norte e mais recentemente em vários países da América Latina. A SES confirmou na última segunda-feira (14) a primeira morte causada pela doença na Paraíba.

As crianças e adolescentes que manifestam a SIM-P são habitualmente saudáveis, mas podem apresentar alguma doença crônica preexistente, particularmente doenças imunossupressoras. Entre os sintomas mais comuns dessa síndrome estão febre elevada e persistente, acompanhada de pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos e comprometimento respiratório, associado a marcadores de inflamação elevados e evidência de Covid-19.

Efeitos econômicos da pandemia e flexibilização

A arrecadação dos três impostos estaduais (ICMS, IPVA e ITCD), no mês de agosto, registrou alta de 8,37%, quando comparada a igual período de 2019. Foi a primeira vez que a arrecadação da receita própria teve alta, puxada pelo ICMS, após quatro meses de queda (abril a julho), devido à flexibilização das atividades econômicas afetadas pela pandemia. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz-PB), na última segunda-feira.

O Boletim publica também as perdas de arrecadação própria dos três tributos estaduais no período de abril a agosto de 2020, meses de impactos da pandemia, que somaram R$ R$ 201 milhões. Em valores absolutos, o ICMS liderou as perdas nesse período com R$ 192,6 milhões, seguido do ITCD com R$ 17,8 milhões. Apenas o IPVA registrou alta de R$ 9,5 milhões.

O Plano ‘Novo Normal Paraíba’  de retomada gradual das atividades foi viabilizado devido à ampliação das capacidades de resposta do sistema de Saúde paraibano; ao aumento da testagem da população e aos avanços das medidas para desaceleração da disseminação do vírus. A matriz de orientação para retomada das atividades em todo o estado indica os segmentos autorizados a retomar atividades com mudanças no formato de funcionamento, independentemente de bandeira/fase.

Entre os serviços que retornam gradualmente no estado, o transporte coletivo é um dos destaques. João Pessoa, por exemplo, está com 60 linhas de ônibus em operação. A flexibilização das medidas de restrição em prevenção ao coronavírus já permitiu que 75% da frota voltasse a circular.

Educação

O Governo do Estado, por meio da SES, divulgou no dia 28 de agosto o protocolo do novo normal para o segmento de educação. O documento traz recomendações e orientações técnicas e legais referentes à prevenção e ao controle da Covid-19 nos estabelecimentos escolares. A existência deste protocolo sanitário dedicado ao setor não determina sua abertura. Veja aqui.

De acordo com o secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, o Estado promove um processo de inquérito sorológico em 2 mil lares paraibanos que têm crianças e jovens entre 3 e 17 anos convivendo com pessoas com risco. O intuito é estudar o cenário para desenhar de que forma começará esse retorno das atividades.

“Temos que ter prudência. Após o resultado desse inquérito sorológico, nós teremos uma definição da abertura das aulas presenciais. A Secretaria de Saúde acredita na ciência e acha que este não é o momento ideal para a abertura”, pontuou o secretário na ocasião.

UFPB prevê recuo da Covid-19 na Paraíba

O Observatório de Síndromes Respiratórias do Departamento de Estatística da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveu uma plataforma digital para acompanhar, em tempo real, as previsões de novos casos e mortes pela Covid-19 nas capitais do Brasil. A aplicação digital foi desenvolvida pelos pesquisadores e professores da UFPB, Marcelo Ferreira e Hemílio Coêlho. O objetivo dela é fornecer, através de modelagem estatística, cenários sobre as tendências de evolução dos casos e óbitos da Covid-19.

“Ao clicar na aba ‘Previsões – Estados e Capitais’, qualquer pessoa poderá acessar informações relacionadas às previsões. Elas são de curto e longo prazo (7 a 30 dias), considerando a série histórica dos casos registrados desde o início da pandemia no Brasil”, explica Hemílio Coêlho. De acordo com o professor, no caso da Paraíba, os dados mostram evidências de que já ocorreu um pico de casos. As previsões apontam para uma tendência de diminuição dos casos e mortes no estado.

Por meio da plataforma digital, os professores e pesquisadores da UFPB pretendem disponibilizar dados, indicadores, análises, relatórios e pesquisas sobre distintas síndromes respiratórias.

Governo avalia condução da pandemia na Paraíba

Segundo a gestão estadual, ainda em janeiro, quando havia nível de alerta, foi elaborado o primeiro Plano de Contingência Estadual para Infecção Humana pelo novo coronavírus, documento que serviria de instrumento orientador das ações dos profissionais de saúde no enfrentamento de casos suspeitos e/ou confirmados. Mesmo não tendo nenhuma suspeita da doença, a SES já executava ações no nível de perigo iminente. O secretário executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde, Daniel Beltrammi, destaca que a pergunta nesse momento inicial era “como a Paraíba será atingida?”.

“Reunimos não só as inteligências do Governo, mas chamamos também a sociedade civil organizada, todo o sistema de Justiça, o Poder Legislativo e o Poder Executivo Municipal, com representação dos municípios, para que, juntos, a gente pudesse analisar o cenário e formatar esse Plano de Contingência. Ele não dizia respeito só a preparar a Rede de Serviços de Saúde, mas incluía a preparação de toda uma estratégia de barrar a doença em seu início com restrição de mobilidade. E isso foi muito importante”, explica.

De acordo com a análise do secretário executivo, uma ação de destaque foi o planejamento da quantidade de testes que seria necessária para fazer o diagnóstico da pandemia. A meta do Estado sempre foi testar, pelo menos, 10% da população. Além da testagem, outras previsões foram se concretizando e ações foram implementadas nas atualizações do Plano de Contingência ao longo desses seis meses. Por exemplo, a distribuição dos casos nas Macrorregiões da Paraíba em porcentagem. O plano previa que 67% dos casos fossem ocorrer na 1ª Macro, 25% na segunda e 8% na terceira. Em setembro de 2020, a realidade que temos é de 62% dos casos concentrados na 1ª Macro, 22% na segunda e 16% na terceira.

“Não podemos esquecer da formação e preparo das equipes de saúde para lidar com uma doença desconhecida. Essa qualificação teve que ser alcançada não só pelos profissionais de dentro dos Hospitais, como também por aqueles da Atenção Básica, que estão nas Unidades Básicas de Saúde. Em nenhum momento, o paraibano ficou aguardando vaga por leito de terapia intensiva e de enfermaria”, pontua.

Sobre a situação atual dos casos e em que fase a Paraíba se encontra neste momento, o secretário explica que o estado atingiu o pico da doença e segue no planalto, estabilizado, com uma média de 700 casos novos por dia e mantendo um número entre 10 e 15 óbitos ocorridos por data de notificação ou nas últimas 24h. Fazendo uma cronologia da pandemia, os primeiros 10 mil casos ocorreram em um intervalo de aproximadamente 60 dias, demorando apenas 120 para chegar as mais de 100 mil confirmações, o que aponta um crescimento rápido.

“A gente agora discute mais a retomada e a flexibilização de como fazer o vírus parar de alcançar as pessoas e isso é preocupante. Nossa prioridade precisa ser responder a pergunta de como vamos conseguir fazer com que o vírus saia destes níveis e diminua o contágio. Preservar a saúde nesse momento continua sendo importante, porque ninguém é invulnerável à Covid-19 e a gente não deve ser surpreendido nessa caminhada”, observa.

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