Saúde pública subfinanciada e impactos do combate ao coronavírus

A pandemia do novo coronavírus expôs a situação já falha do sistema de saúde público brasileiro. Professora universitária e especialista em Saúde Pública, Uberlândia Dantas afirma que o país vivencia uma grave crise não apenas econômica, mas também sanitária e que isso interfere diretamente na saúde da população. Assista acima.

Ela critica a ausência de um financiamento mais adequado para a estratégia de Saúde da Família, que seria o cerne da produção de modelo de saúde do país. “É a estratégia de saúde da família quem direciona e é a porta de entrada para os demais serviços”, ressalta.

Uberlândia coloca o programa de Saúde da Família em um trabalho conjunto com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) como primordial neste período de pandemia e combate à Covid-19. De acordo com a professora, os novos modelos de financiamento colocam em risco a assistência e promoção à saúde das pessoas.

“Pela nova política de Atenção Básica, os agentes comunitários – que são imprescindíveis para o ‘fazer’ saúde e evitar que as pessoas adoeçam – serem colocados à margem”, disse a especialista em Saúde Pública. A nova política do Ministério de Saúde determina ainda uma diminuição no número de ACS.

Para Uberlândia, a sociedade precisa refletir sobre o subfinanciamento pelo qual passa o Sistema Único de Saúde (SUS) há décadas, que apesar das falhas, sejam estruturais ou de gestão, tem salvado vidas em meio ao colapso provocado pelo aumento do número de casos da doença provocada pelo novo vírus.

“Diante dessa crise, os que estarão mais suscetíveis serão os mais vulneráveis. Toda a população merece atendimento e para isso precisa-se de financiamento e de investimento em políticas públicas”, disse, defendendo o isolamento social, mas complementando que se faz necessário fortalecer a estratégia da Saúde da Família para que não só os profissionais que estão dentro dos hospitais sejam considerados linhas de frente.

A professora defende que os Agentes Comunitários de Saúde e os agentes de Saúde da Família sejam equipados para que “lá na ponta possam combater a Covid com ações de prevenção”.

*Sony Lacerda, especial para o Portal Correio