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Unidades de Conservação da PB estão sob alerta para incêndios

Uma nota técnica elaborada por cientistas brasileiros e britânicos alerta para a possibilidade de incêndios e queimadas em duas Unidades de Conservação da Paraíba entre os meses de agosto e outubro deste ano. O estudo identificou pontos críticos na América do Sul. O Brasil possui, no total, 2.300 áreas protegidas com algum risco de desastre ambiental. Os graus de probabilidade seguem a seguinte ordem: alerta alto, alerta, atenção, observação e baixa probabilidade.

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Na Paraíba, estão em risco a Área de Proteção Ambiental (APA) das Onças, situada em São João do Tigre, na região da Borborema, e o Refúgio de Vida Silvestre Mata do Buraquinho, em João Pessoa. A APA das Onças recebeu o status de atenção (alerta amarelo), enquanto que para a Mata do Buraquinho a probabilidade de incêndios e queimadas foi considerada baixa (alerta azul).

De acordo com a nota técnica, 319 km² de área estariam em risco na Área de Proteção Ambiental das Onças. O alerta para a Mata do Buraquinho é referente a 5,13 km² de área. A APA das Onças tem vegetação de caatinga e é rica em inscrições rupestres (representações artísticas realizadas em paredes, tetos, cavernas e rochas na Pré-História). Já a Mata do Buraquinho é uma das maiores remanescentes de mata atlântica natural em área urbana do Brasil.

Os cientistas recomendam que sejam implantadas redes de comunicação e planejamento estratégico para permitir que as populações que vivem dentro e nos arredores das áreas de proteção planejem de forma integrada ações para minimizar o risco e os impactos das queimadas e incêndios florestais.

Sudema avalia situação

A coordenadora de Estudos Ambientais da Superintendência de Administração do Meio Ambiente na Paraíba (Sudema), Maria Christina Vasconcelos, avaliou o documento científico, a pedido do Portal Correio. Ela reconheceu os riscos de incêndios e queimadas nas áreas apontadas no estudo.

“Com certeza, a APA das Onças apresenta maior probabilidade para incêndio observando sua localização e o diagnóstico da área, uma vez que se encontra no Bioma Caatinga, com poucas chuvas no decorrer do ano, clima quente, além de sua grande extensão de 36 mil hectares, sendo a maior Unidade de Conservação da Paraíba”, diz. 

Maria Christina Vasconcelos pondera, no entanto, que o período apontado pelo relatório não condiz com o de maior incidência solar e de seca, que, no caso da APA das Onças, é fator determinante para as ocorrências. De acordo com ela, também é necessário levar em consideração que as queimadas não tem como agravante apenas os fatores climáticos e as características naturais das áreas protegidas.

“A ação humana também é algo a ser considerado, pois a pressão urbana, a ocupação ilegal, o desmatamento, as atividades de garimpo, entre outros fatores, podem ocasionar focos de incêndio, muitas vezes até intencionais, para facilitar a supressão vegetal. O Refúgio de Vida Silvestre Mata do Buraquinho, de fato, apresenta características naturais melhores em comparação a APA das Onças, mas está próxima à área urbana, o que pode ter sido levado em consideração pelos pesquisadores no relatório apresentado”, analisa.

A coordenadora de Estudos Ambientais da Sudema garante que o órgão realiza rondas mensalmente para acompanhamento e fiscalização das Unidades de Conservação do estado. Segundo Maria Christina Vasconcelos, as atividades são feitas espontaneamente, em parceria com a Secretaria de Infraestrutura, dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente (SEIRHMA), mas também podem atender a chamados da população.

“Qualquer pessoa que presenciar atos de possíveis crimes ambientais (como no caso de haver suspeita de um incêndio criminoso) deve contatar a Sudema através dos telefones (83) 3218-5591 ou (83) 98844-2191. No caso de incêndios, o Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba também deve ser acionado para controlar a situação”, orienta Maria Christina Vasconcelos. “Além disso, nossa Coordenadoria de Educação Ambientais (Ceda) está, constantemente, realizando ações junto aos moradores do entorno das Unidades de Conservação para alertar sobre importância de preservar essas áreas e não cometer qualquer infração ao meio ambiente”, completa. 

Continente em risco

O trabalho científico aponta que em toda América do Sul existem mais de 287.000 km² em situação de alerta muito alto e 146.000 km² em alerta alto de queimadas e incêndios nos próximos três meses. Se contados também os locais com chance de desastres em graus de moderado a baixo, a área total em risco chega a 5.279.305. O estudo identificou 4.808 pontos críticos no continente, sendo 2.300 no Brasil. Ou seja, 47,83% das áreas de proteção ambiental em perigo são brasileiras.

Mapa indica áreas protegidas da América do Sul em alerta de fogo (Foto: Reprodução)

“A ocorrência de queimadas e incêndios afeta negativamente a sociedade, os ecossistemas e o clima. Até o momento, neste ano, os focos de calor na América do Sul atingiram o maior número já registrado desde 1998 nos meses de março (31.529 focos de calor, 17% acima do pico anterior), abril (23.139 focos de calor, 32% acima do pico anterior) e maio (13.638 focos de calor, 9% acima do pico anterior), com os outros meses apresentando detecções superiores à média de longo prazo”, alerta a nota técnica.

O estudo foi coordenado pela pesquisadora Liana Anderson, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Colaboraram com o mapeamento o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Met Office – Serviço Meteorológico do Reino Unido.

Impactos de incêndios e queimadas

Sociedade

  • Ameaças à vida;
  • Doenças associadas ao aumento da poluição do ar;
  • Perda de bens, como casas, produção agropecuária, produtos florestais, infraestrutura (redes de comunicação, luz, estradas) e transporte.

Ecossistemas

  • Diminuição da biodiversidade;
  • Mortalidade da fauna silvestre;
  • Diminuição dos estoques de carbono e os efeitos em outros serviços ambientais, como manutenção da temperatura local e a ciclagem da água.

Clima

  • Emissões de carbono para a atmosfera, o que poderia levar a condições climáticas mais extremas, como a intensificação e o prolongamento da estação seca.
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