A volta de Berg Lima à prefeitura de Bayeux causou estranheza e preocupação a vereadores que enxergam o retorno do prefeito afastado como uma possibilidade de piora no cenário político e administrativo do Município. Uma sessão que vai ocorrer na tarde desta quarta-feira (19), na Câmara de Bayeux, vai decidir a cassação Berg Lima e possíveis novas eleições no Município.
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Ouvido pelo programa Correio Debate, o vereador Jefferson Kita, que assumiria à prefeitura a partir de 2019, se disse decepcionado com a decisão judicial que estabeleceu o retorno de Berg.
“A gente recebeu com preocupação (a decisão da Justiça) tendo em vista o caos político que se encontra na cidade. O retorno dele à prefeitura geraria uma instabilidade administrativa e política ainda maior. Acho que o caminho para Bayeux é de novas eleições. Se fosse nossa prerrogativa de assumir, estabeleceríamos uma possibilidade de uma transição direta, onde o prefeito eleito pelo povo governasse pelos próximos dois anos”, relatou Jefferson.
Também contrário ao retorno de Berg Lima, o vereador Adriano Martins lamentou a decisão da Justiça e disse que os maiores responsáveis pelo retorno de Berg Lima são os próprios vereadores.
“Vejo como uma falta de respeito com a Justiça da Paraíba, que dá exemplo quando fez a investigação prendeu e afastou o prefeito corrupto. Brasília mostra mais uma vez que lá tudo pode acontecer. É vergonhoso ver o que aconteceu na Câmara. Vejo que os culpados por isso que acontece são os vereadores, que em busca de projetos pessoais sacrificaram os habitantes da nossa cidade. Fico tranquilo, pois todos sabem que eu apresentei por duas vezes o pedido de cassação de Berg, baseado em uma investigação e denúncia do Ministério Público”, disse Adriano Martins.
Conforme o prefeito, a saída dele da administração do Município foi um erro e Bayeux vem sofrendo com caos administrativo e político.
“Eu vejo com muita serenidade e esperança (a decisão da Justiça). Acredito que o sentimento de justiça predomina para mim e grande parte da população de Bayeux. É o momento de resgatar a paz política e estabilidade administrativa e financeira do município, que vem sofrendo desde a nossa saída precipitada. É um novo tempo e um novo momento. Acredito que podemos construir uma nova história para a cidade”, afirmou Berg Lima.
Na semana passada, o STJ decidiu que Berg Lima devia voltar à prefeitura, mas a ação civil existente no TJPB ficou no meio do caminho dessa situação e dependia da decisão de magistrados da Corte local. Com isso, a defesa de Berg alegou que a sentença do processo não determinou, em momento algum, a extensão dos efeitos da liminar deferida, o que tornaria o seu afastamento do cargo somente aplicável durante a instrução processual. Assim, pediu o imediato retorno do prefeito afastado ao cargo.
O desembargador determinou a comunicação ao juiz prolator da sentença, ao presidente da Câmara Municipal de Bayeux e ao prefeito em exercício para o cumprimento da determinação de que Berg retorne ao cargo.
O prefeito afastado de Bayeux foi preso em julho de 2017, em ação realizada pelo Ministério Público Estadual (MPPB) por corrupção passiva. Ele foi flagrado recebendo dinheiro de um empresário fornecedor da prefeitura, o que configurou recebimento de propina.