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Dinheiro que seria para VLT vai para Centro de Convenções

Linha férrea que passa por Campina Grande está concedida à Ferrovia Transnordestina Logística (FTL)

O embate entre Governo do Estado e Prefeitura de Campina Grande para a construção do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) na cidade não terminou e ganhou mais um capítulo. Na sexta-feira (24), o governador João Azevêdo (sem partido) disse, em entrevista à Rede Correio Sat, que remanejou recursos do Estado que seriam do VLT para o Centro de Convenções de Campina e explicou que o fez porque a prefeitura disse que vai executar a obra de mobilidade.

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O impasse teria começado depois que João Azevêdo se reuniu com o ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas e apresentou o projeto do VLT para Campina, mas viu a ideia ser discutida também entre o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante encontro dos dois.

Segundo o governador, o Estado dispõe de recursos para executar a obra e ao se reunir com o ministro, precisava apenas de uma autorização para que pudesse utilizar a linha férrea que corta Campina Grande. A ideia é que o serviço de transporte atenda pontos estratégicos da cidade, como o novo Residencial Aluízio Campos.

Conforme João, ao Correio Debate, da Rede Correio Sat, na sexta (24), seriam R$ 47 milhões destinados à implantação do modal na cidade. “Depois, fomos comunicados que Romero esteve em reunião com Bolsonaro e o presidente disse que a obra seria da Prefeitura de Campina Grande”, afirmou João. Agora, o dinheiro é parte dos R$ 100 milhões que serão utilizados na construção do Centro de Convenções de Campina Grande, sendo R$ 53 milhões do Governo Federal.

João afirmou ainda que Romero pode não ter mais tempo para executar a obra do VLT em Campina por causa das eleições e se comprometeu em dar andamento ao projeto, caso a Prefeitura de Campina Grande não o cumpra.

PMCG

O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, disse ao Portal Correio que a execução do projeto que vai viabilizar o VLT de Campina Grande só pode ocorrer quando o Governo Federal ceder a linha férrea para a gestão local. Romero não deu mais detalhes do caso e também não comentou sobre as declarações de João Azevêdo.

Linha pertence à concessionária

A linha férrea que passa por Campina Grande está concedida à Ferrovia Transnordestina Logística (FTL). Por força de contrato, a concessionária tem prerrogativa do uso e responsabilidade de manutenção, conservação e operação da linha.

Para que o trecho seja utilizado por governos locais, cabe à concessionária a concordância com o uso compartilhado da linha férrea com o transporte ferroviário de passageiros proposto, o qual poderá ser firmado futuramente através de Contrato Operacional Específico (COE), entre a empresa operadora de transporte de passageiros e a FTL. O Ministério da Infraestrutura disse que recebeu pedido do Governo do Estado para cessão da linha em março de 2019.

A linha férrea que passa em Campina Grande faz parte do Tronco Norte Recife de malha ferroviária do Nordeste, que liga as estações de Jorge Lins e de Souza, com extensão total de 524 km.

A FTL informou ao Portal Correio que não houve nenhuma solicitação do Governo da Paraíba ou da Prefeitura de Campina Grande para que a linha seja cedida a gestões locais.

Centro de Convenções de Campina Grande

Orçado em R$ 100 milhões, o Centro de Convenções terá 15 mil metros quadrados de área construída.

O empreendimento, que será dotado de eficiência energética e hídrica, contará com centro de eventos, foyer, salão de eventos, oficinas, administração geral de eventos, centro de feiras e exposições, área de negócios, auditório com capacidade para 1.000 pessoas e oferecerá 1.200 vagas para estacionamento.

O governador João Azevêdo disse que a obra está em fase de licitação e não deu prazo para que seja totalmente concluída.

VLT já opera na Grande JP, mas de forma precária

Desde 2014, o sistema de VLTs opera de forma incompleta e precária em João Pessoa e nas cidades da região metropolitana mais próximas da Capital, como Bayeux, Santa Rita e Cabedelo.

Os trens modernos e climatizados contrastam com estações precárias e outras composições velhas que ainda estão em operação.

Ao contrário do que ocorre em Campina Grande, a linha férrea que atende João Pessoa passa em um ponto extremo da Capital e não a alcança por dentro, o que torna mais difícil a implantação desse modal para transporte urbano em outros pontos da cidade.

Obras no estado

João Azevêdo disse ainda, na mesma entrevista, que o Governo Federal não liberou mais recursos para novas obras e que, ao longo de 2019, o Governo do Estado interveio para que os contratos de obras em andamento fossem mantidos.

Ele citou como exemplo as obras do canal Acauã/Araçagi, que ficaram alguns dias paradas por causa de problemas com recursos, e do Arco Metropolitano Leste, que promete desafogar o trânsito de Campina Grande, fazendo com que veículos pesados não sigam por dentro da cidade para irem ao Brejo do estado. O Arco terá uma extensão de aproximadamente 6 km e um valor estimado de R$ 18,7 milhões.

João Azevêdo foi o entrevistado de sexta-feira (24) do programa Correio Debate da Rede Correio Sat. Ele falou sobre a Operação Calvário, deu mais informações a respeito das obras e investimentos em andamento na Paraíba, de como pretende seguir para escolher um novo partido e da reação diante da ameaça de uma greve de policiais no estado.

A entrevista completa pode ser vista abaixo:

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