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Disputa por espaços ameaça ciclistas e pedestres na orla

Com a chegada do período das férias, a cidade fica cheia de turistas. Além da alta taxa de ocupação nos hotéis de João Pessoa, que está em quase 100%, e do trânsito mais intenso, o fluxo de ciclistas, pedestres e corredores circulando na orla da Capital aumenta drasticamente neste período do ano, escancarando alguns problemas vividos diariamente por quem trafega nas redondezas das principais praias da cidade, como as calçadinhas de Tambaú e Cabo Branco, pontos bastante frequentados por turistas e moradores locais.

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Exatamente por esse aumento no fluxo de pessoas nos locais, problemas comuns acabam sendo potencializados, como a confusão formada nos passeios públicos pelo uso indevido de ciclovias e calçadas pelos frequentadores. Sobre o assunto, uma dúvida constante entre os pedestres, ciclistas e demais condutores de veículos não motorizados é sobre a fiscalização e se existe algum tipo de punição para quem, porventura, infringir alguma norma de trânsito específica para essa determinada ocasião.

Fiscalização

De acordo com a chefe da Divisão de Mobilidade Urbana da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP), Gilmara Branquinho, existe uma fiscalização exercida pelos agentes lotados em cada região da cidade, porém, não existe um tipo de punição para os infratores, mas apenas um trabalho educativo para que as pessoas entendam quais os espaços devem ser utilizados.

“A Semob-JP tem feito a fiscalização com os agentes que trabalham na região e essa fiscalização é feita pelos agentes que transitam pela orla. Então, eles passam e fiscalizam normalmente. A questão é que as pessoas e os ciclistas entram nesse conflito sobre quem pode utilizar o que (ciclovias e/ou calçadas). Então, o Código de Trânsito prevê quem pode utilizar a ciclovia, que são os ciclos (bicicletas, patins, skates etc)”, disse Gilmara Branquinho.

A velocidade máxima permitida em ciclovias e ciclofaixas, de acordo com o Código de Trânsito, é de 21 km/h, o que já é algo considerável. Então, o pedestre que se arrisca ocupando esses espaços, está sujeito a se envolver em algum tipo de acidente. Foi isso que explicou a especialista da Semob-JP, alertando para o uso devido de cada espaço disponível nos passeios públicos da cidade.

“O pedestre não costuma compreender o perigo de circular em ciclovias, mas pode acabar se envolvendo em acidentes caso invadam estes espaços repentinamente. Elas são exclusivas para ciclos”, explicou Gilmara Branquinho.

Calçadas podem abrigar ciclistas

Outro assunto que gera muitas queixas à Semob-JP é o fato de veículos não motorizados estarem circulando em calçadas. De acordo com o Código de Trânsito, a utilização dos ciclos em calçadas é permitida, porém, com um limite de velocidade estabelecido, que é de 6 km/h, permitindo, por exemplo, que uma criança ande de bicicleta na calçada, desde que, respeitando esta norma.

“Às vezes recebemos reclamações de que estão utilizando as calçadas com bicicletas ou outros veículos não motorizados. Entretanto, de acordo com o Código de Trânsito, o uso desses veículos é permitido, desde que respeitada a velocidade máxima, que é de 6 km/h. Por exemplo, uma criança, pode andar pelas calçadas de bicicleta, desde que não ultrapasse a velocidade permitida”, completou a especialista.

Usuários reclamam que falta fiscalização

Por outro lado, mesmo com as campanhas educativas realizadas pela Semob-JP, além da disposição de agentes do órgão para a fiscalização nos locais citados, a população não enxerga um resultado efetivo no controle do uso dos passeios públicos. Conforme o advogado Victor Lucena, morador da Avenida Cabo Branco, é constante perceber as irregularidades cometidas tanto por pedestres, corredores e ciclistas, entretanto, ele explica que não encontra uma sinalização adequada, muito menos fiscais de trânsito nos locais.

“A ocupação é muito mais móvel do que imóvel. Não existem tantos ambulantes parados nas ciclovias e calçadas, mas a circulação por estes passeios acontece de modo completamente desordenado. Em pouco tempo andando na calçadinha do Cabo Branco dá pra perceber corredores praticando a corrida nas ciclovias e até na rua e ciclistas utilizando as calçadas. Sinto falta mesmo é de uma maior sinalização sobre esses espaços e também uma fiscalização humana mais rígida”, disse o advogado Victor Lucena.

Na foto acima, que está no começo desta reportagem, há um exemplo claro do desrespeito às regras de circulação nos passeios públicos de João Pessoa. Percebe-se uma corredora exercendo a atividade de maneira irregular na ciclovia, um homem ocupando a calçada com um material de pesca, impedindo a passagem de pedestres, além de dois carros com as portas abertas, podendo ocasionar algum acidente. E, mesmo com todas essas infrações, nenhum fiscal ou agente de trânsito foi visto na área.

A queixa sobre a “confusão” na utilização desses equipamentos também foi relatada em uma mensagem da Prefeitura Municipal de João Pessoa na internet, na qual dezenas de usuários reclamam da falta de fiscalização no local, tanto por causa do uso indevido das ciclovias por pedestres e corredores, como também pela alta velocidade dos ciclistas.

Faltam espaços para corredores

É crescente em João Pessoa a prática das corridas de rua que, a cada prova, aumentam os números de adeptos da modalidade na cidade. E, justamente com esse fenômeno recente, o triatleta Antônio Carlos Neto relatou a falta de espaços adequados para a prática das corridas, como por exemplo, uma pista específica para cooper, como pode-se encontrar em outras cidades no país.

O estudante relatou que, na condição de corredor, ele às vezes utiliza a ciclovia para fazer a atividade física, principalmente quando as calçadas estão lotadas de pedestres, mas sabendo do risco que corre, pois, por também ser ciclista, sabe da dificuldade de lidar com os obstáculos que atrapalham as ciclovias.

“A grande questão dessa problemática é que os corredores não têm um local apropriado para praticarem suas atividades físicas, como existem as ciclovias e ciclofaixas para os ciclistas. É por isso que alguns corredores utilizam desses mecanismos destinados às bicicletas para correrem. Porém, enquanto ciclista, sei que é muito complicado lidar com a confusão que acontece com as pessoas utilizando a ciclovia, seja um corredor, pedestre ou até mesmo um motorista ou passageiro que abre a porta do carro repentinamente”, disse o estudante e triatleta Antônio Carlos Neto.

Ciclista precisando ultrapassar corredor em ciclovia de João Pessoa (Foto: Nalva Figueiredo/Jornal CORREIO)

Campanha educativa no trânsito

Aproveitando o período de maior circulação de pessoas nesses locais, a Semob-JP informou que está realizando uma campanha educativa para alertar a comunidade sobre as regras de trânsito, principalmente no tocante ao uso das calçadas e ciclovias, além da faixas de pedestre, semáforos e demais normas previstas no Código de Trânsito. A programação vai acontecer em diversos pontos da cidade, até o próximo dia 18 de janeiro.

Programação de ações da Semob-JP:

10/01 – 16h – Faixa de pedestres do Mag Shopping
14/01 – 16h – Faixa de pedestres do Vila Gourmet Manaíra
15/01 – 13h – Bica
16/01 – 16h – Faixa de Pedestres da Empadinha Barnabé (Cabo Branco)
18/01 – 7h – Faixa de pedestres do Centro Turístico de Tambaú

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