Em apenas dois dias, quatro casos de violência contra mulheres foram veiculados só pelo Portal Correio. Porém, o número é bem mais assustador. Na maior parte, essas agressões são praticadas pelos próprios companheiros ou ex-companheiros. Nessa semana, não foi diferente.
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Na terça-feira (22), por exemplo, um advogado foi preso e solto suspeito de agredir uma ex-companheira em uma pousada de João Pessoa. No mesmo dia, um jovem de 19 anos foi preso também por participar de uma agressão a uma mulher em Bayeux, na Grande João Pessoa.
Na quarta-feira (23), uma mulher foi resgatada pela Guarda Municipal de João Pessoa após ser raptada e agredida pelo ex-companheiro. Segundo a delegada Wládia Holanda, a mulher iria ser estuprada e esquartejada. Também na quinta-feira, uma mulher foi assassinada na cidade de Itapororoca, a 69 km de João Pessoa, ao voltar da igreja. O suspeito? Mais uma vez, o companheiro.
De acordo com a Coordenação das Delegacias da Mulher da Paraíba, em 2018 foram abertos 4.080 inquéritos sobre esse tipo de crime no estado, o que representa mais de 11 por dia. Além do número de inquéritos ser preocupante, o quantitativo de medidas protetivas solicitadas nas delegacias da Paraíba também reflete o cenário de violência no qual vivem as mulheres no estado. Em 2018, foram 4.135 solicitações desse tipo. Uma média também acima dos 11 casos por dia. E isso é apenas o que chega ao conhecimento das autoridades.
De acordo com a delegada da Mulher de João Pessoa, Wládia Holanda, não há como traçar uma padronização dos crimes. Segundo ela, cada caso tem que ser investigado de maneira distinta. “Não existe uma padronização. São motivações diversas. A Polícia Civil tem um papel de investigar crimes”, disse.
Por outro lado, ela ressaltou que devido à Lei Maria da Penha e às informações veiculadas pela imprensa e em escolas, o número de mulheres que procuram as autoridades para denunciar a violência sofrida vem crescendo com o passar dos anos.
Apesar da maior procura, a delegada afirmou que ainda há uma subnotificação nos casos, porém menor que já foi outrora. Para ela, isso já representa um avanço.
“Diante da disseminação da Lei Maria da Penha, as mulheres estão cada vez mais conscientes dos seus direitos. Sempre existiu a violência, mas tinha o silêncio. O que a gente quer é que cada mulher tenha consciência para se fortalecer, denunciar e evitar impunidade. O que acontecia antes é que elas apanhavam e ficavam no anonimato. Mas com cada vez mais informações, elas passaram a procurar ajuda e encorajando outras mulheres”.