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Por que as nossas digitais e traços faciais são usados para identificação?

Por Joanne Ferraz*

Nas regiões palmoplantares, a superfície da pele apresenta diversos sulcos e saliências, particularmente acentuados nas extremidades dos dedos, sendo denominados de dermatóglifos. Acredita-se que os dermatóglifos tenham a função de auxiliar no ato de segurar objetos, constituindo “linhas de atrito”. Eles são formados antes do nascimento, durante o desenvolvimento intrauterino, e sua configuração é única para cada indivíduo, permanecendo constante desde o nascimento até o final da vida, exceto em situações em que ocorra algum dano à pele.

Como a disposição dos dermatóglifos é absolutamente individual, eles são empregados para identificação legal, particularmente os padrões de linhas formados nas extremidades dos dedos, conhecidos como “impressões digitais”. O processo que analisa esses padrões é denominado de datiloscopia. Além do uso para identificação legal, diversos estudos têm procurado associar determinados padrões formados pelos dermatóglifos com o risco de desenvolvimento de doenças de base genética, buscando formas de auxiliar no diagnóstico precoce ou até mesmo na sua prevenção. Alguns padrões já são reconhecidamente relacionados a certas condições em que ocorrem alterações cromossômicas, como a Síndrome de Down.

Algumas condições podem danificar os dermatóglifos parcialmente, dificultando o uso das impressões digitais como forma de identificação, ou podem até mesmo causar a perda total desses padrões, impossibilitando seu reconhecimento. Essas alterações podem ocorrer em alguns dedos ou em todos. A perda dos dermatóglifos pode ter causas traumáticas, como queimaduras ou outras lesões traumáticas, causas dermatológicas, em doenças que afetam a região palmoplantar, tais como as dermatites de contato e a disidrose, ou mesmo causas extra-cutâneas, como por exemplo efeitos adversos de certas medicações. Essa perda pode ser reversível, caso a condição de base seja resolvida.

Nossa face também agrega características que, em conjunto, conferem a nós uma individualidade. Esses detalhes, quando capturados e processados por sistemas computacionais especializados, podem auxiliar na identificação de pessoas e têm sido cada vez mais utilizados nos dias de hoje para aumentar a segurança em diversas situações. Tais características refletem aspectos como idade, sexo, geometria facial, emoções e, até mesmo, sinais de algumas doenças. Fácies é a denominação dada ao conjunto formado pelos traços anatômicos da nossa face e pela nossa expressão fisionômica, sendo muito útil na medicina para identificar doenças, principalmente metabólicas e genéticas. Programas de reconhecimento facial têm sido aperfeiçoados não apenas para identificação de pessoas, mas também para auxiliar no reconhecimento de doenças, e no futuro poderão ser uma ferramenta importante para o diagnóstico precoce.


*Joanne Ferraz é médica com residência médica em Dermatologia, mestrado e doutorado em Medicina Tropical e é associada titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia. É professora titular do curso de Medicina do Unipê.

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