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‘Cadê a polícia?’, pergunta homem enquanto filma ataque em shopping de Campina Grande

Bandidos invadiram o shopping, usaram explosivos, marretas, armas e até veículos para executar a onda de crimes

Campina Grande tem se tornado alvo fácil de bandidos, que são cada vez mais ousados e não temem a polícia. A cidade e a região têm visto ataques frequentes a bancos e ao comércio, em locais de grande movimento e fácil acesso. Na madrugada desta quarta-feira (17), bandidos destruíram um setor do Shopping Partage durante um roubo, fizeram reféns em plena rua e sem nenhuma pressa causaram um grande estrago. A ação foi “cinematográfica”!

Veja também: Campina Grande busca ações paralelas contra a violência

Bandidos invadiram o shopping, usaram explosivos, marretas, armas e até veículos para executar a onda de crimes que resultaram na destruição de parte do shopping e reféns nas ruas, provocando terror.

Algumas pessoas que moram próximo do shopping fizeram imagens e compartilharam vídeos nas redes sociais. Em alguns deles, ouve-se a pergunta: “Cadê a polícia que não chega?”.

Mais crimes

No mesmo dia, pela manhã, dois funcionários de uma loja, em pleno Centro de Campina Grande, foram abordados por bandidos enquanto abriam o estabelecimento. Segundo a polícia, eles foram feitos reféns por uma dupla armada.

De acordo com a TV Correio, os criminosos entraram no local, roubaram cerca de 50 celulares e ainda agrediram as vítimas. Os bandidos fugiram e não foram presos.

Respostas

O comandante da PM em Campina Grande, o tenente-coronel Lamarck Victor Donato, estava com o celular desligado ou fora de área. A assessoria de comunicação da PM disse ao Portal Correio que não iria comentar o caso e pediu que fosse feito contato com a Secretaria de Segurança.

O secretário Cláudio Lima está em São Paulo, resolvendo questões sobre o sistema de rádio da polícia, e não comentou. O secretário-adjunto, Jean Nunes, falou que as polícias Civil e Militar estão articuladas para elucidar o crime e prender suspeitos. Apesar disso, ele disse que não poderia dar mais detalhes porque teriam relação com o serviço de inteligência e não poderiam ser revelados.

Como uma agência da Caixa foi alvo na ação, a Polícia Federal também deve participar das investigações. O shopping atacado fica a poucos metros da sede da PF, mas na hora da ocorrência, os policiais também não foram ao local.

O Shopping Partage disse que mantém o funcionamento normal e que está colaborando com as autoridades competentes.

O Sindicato dos Bancários contabilizou 81 ataques a banco em 2017, entre explosões, assaltos, arrombamentos e tentativas.

Veja também: 

Bessa e Campina: semelhanças

O caso registrado em Campina Grande foi semelhante ao visto no bairro do Bessa, em João Pessoa, na madrugada de 23 de julho de 2016. Bandidos fecharam a rua, fizeram reféns e chegaram a atirar em direção de vítimas enquanto destruíam uma agência da Caixa Econômica. A PM não apareceu no local.

No dia seguinte, a Polícia Militar disse que foi acionada, mas não agiu porque tinha que proteger vidas. Segundo a PM, uma reação das forças de segurança na hora do crime poderia ter causado mortes de pessoas inocentes. O governador Ricardo Coutinho (PSB) defendeu essa justificativa e ainda disse que a responsabilidade da segurança dos bancos é das próprias instituições financeiras.

Até esta quarta-feira (17), mais de um ano e meio após o crime, não há informações de suspeitos presos. Em ações posteriores, a polícia prendeu suspeitos de cometer crimes na área do Bessa, mas em nenhum dos casos ficou esclarecido se haveria algum envolvido com o ataque à Caixa. Os crimes também foram gravados por moradores das imediações e os vídeos se espalharam nas redes sociais.

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Boqueirão

A cidade de Boqueirão, na Região Metropolitana de Campina Grande, ficou dois anos sem operações bancárias, mas quando retomou o serviço, viu o banco ser atacado duas vezes no começo desta semana.

Os crimes ocorreram em menos de 24 horas, na agência do Banco do Brasil, e agora não há previsão para que o estabelecimento tenha o funcionamento normalizado. Ninguém foi preso.

Oposição reage

Alguns políticos da oposição se posicionaram e fizeram críticas sobre a situação da segurança pública no estado.

Ao Correio Debate, da Rede Correio Sat, a deputada estadual Daniella Ribeiro (PP) disse que é autora de uma lei de 2011 que não é cumprida. A lei trata da inutilização de cédulas de caixas eletrônicos detonados.

Segundo ela, os equipamentos devem ter o dispositivo que libera uma tinta vermelha para manchar e inutilizar as cédulas, mas como não há fiscalização, há máquinas que não têm esse sistema.

Daniella afirmou que emitiu ofícios para o governador do Estado, Ricardo Coutinho (PSB), para o Sindicato dos Bancários e para o Procon do Estado para questionar sobre o cumprimento da lei e a fiscalização, mas não teve respostas.

O deputado Tovar Correia (PSDB) também reclamou. “Até quando nós paraibanos vamos conviver com medo de sair de casa, de ser assaltado, de ter nossas vidas ameaçadas por bandidos que assaltam lojas, clínicas e explodem agências bancárias?”, indagou o deputado.

O deputado lembrou da agência da cidade de Boqueirão. “Isso é a certeza da impunidade, da falta de ação”, disse.

O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD), que poderá ser candidato ao governo do Estado neste ano, disse ao Correio Debate que o governo apresenta dados sobre a segurança e fala em avanços, mas não reconhece o problema. “Números fictícios”, classificou.

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