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Ex-assessor confessa ter recebido R$ 900 mil e cita Livânia

O depoimento de Leandro Nunes, ex-assessor da secretária Livânia Farias, ao Ministério Público da Paraíba revela a participação direta da gestora no grupo classificado pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Oranizado (Gaeco) como uma Organização Criminosa, que teria desviado recursos da Saúde e também realizado o pagamento de propinas destinadas a bancar campanhas eleitorais no estado.

Leandro confessou ser ele o homem flagrado no saguão de um hotel no Rio de Janeiro recebendo uma caixa supostamente de vinho. Na verdade, conforme o depoimento do ex-assessor, o que existia na caixa era o pagamento de uma propina no valor de R$ 900 mil.

O pagamento, segundo ele, teria sido enviado pelo empresário Daniel Gomes da Silva e entregue por Michele Louzada. “Ao chegar no quarto e abrir a caixa, vi que tinha mais dinheiro do que havia sido combinado, quase R$ 900 mil quando Livânia tinha dito que haveria R$ 700 mil. O objetivo do dinheiro era adiantar pagamento dos fornecedores de campanha por serviços ainda não prestados”, relata Leandro no depoimento.

Segundo ele, o montante foi distribuído com vários outros envolvidos no esquema e detalhado à secretária.

Livânia mandou Leandro viajar

Leandro Nunes confirmou que a viagem dele ao Rio de Janeiro para o recebimento do dinheiro foi feita a mando da secretária Livânia Farias e que a comunicação com a então chefe seria feita através de um telefone com chip descartável comprado em uma loja local e cadastrado com CPF encontrado na internet.

Na volta para a Paraíba, Leandro se encontrou pessoalmente com a secretária para prestar contas, de acordo com o depoimento prestado por ele às autoridades. “Falei pessoalmente com Livânia e disse que tinha dado tudo certo e que tinha vindo dinheiro a mais”, contou.

Proibições

O depoimento de Leandro Nunes que compromete Livânia está no pedido de revogação da prisão preventiva do ex-assessor, em que também constam algumas proibições impostas a ele para que fique livre da cadeia.

Leandro foi solto sob a condição de ficar proibido de ter acesso às repartições do Governo da Paraíba. Também fica ele proibido de ter contato com testemunhas e outros investigados na Operação Calvário. O ex-assessor de Livânia está proibido, ainda, de se afastar da Comarca de João Pessoa, exceto com autorização judicial, e não poder exercer funções públicas. Enquanto está solto, Leandro segue sendo monitorado por uma tornozeleira eletrônica.

A Operação Calvário

O Ministério Público concluiu que Leandro Nunes faz parte do que o Gaeco classifica como organização criminosa. Ele, conforme os promotores, era responsável pela operacionalização de diversas ações criminosas, entre elas o recebimento de propina a serem repassadas para outros integrantes do grupo, o qual o MPPB chama de ‘organismo delinquencial’. Além de Livânia, está na mira do Gaeco o secretário Waldson de Souza.

A segunda fase da Operação Calvário foi deflagrada no dia 1º de fevereiro e a primeira no dia 14 de dezembro de 2018. Conforme apurado nas investigações, uma organização criminosa infiltrada na Cruz Vermelha Brasileira era comandada pelo empresário Daniel Gomes da Silva, que já possui condenação criminal em primeira instância pelo crime de peculato, em razão de sua empresa ter sido contratada por valores superfaturados para o serviço de manutenção de ambulâncias à Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro.

Operando sob a denominação e o CNPJ dessas entidades não governamentais, a organização criminosa comandada por Daniel obteve acesso a mais de R$ 1,1 bilhão em recursos públicos, para a gestão de unidades de saúde em outras Unidades da Federação.

Defesa de Livânia

Em nota os advogados da secretária Livânia Farias disseram que não tiveram acesso ao depoimento de Leandro Nunes e chamam de infundadas e caluniosas as acusações contra a gestora. Eles explicam também que ela está à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento.

NOTA

Acerca de informações divulgadas pela imprensa no dia de hoje (9), a defesa de Livânia Maria da Silva Farias vem a público esclarecer o seguinte:

1. Até o presente momento não teve acesso ao depoimento prestado pelo Sr. Leandro Nunes Azevedo, no qual teriam sido feitas infundadas e caluniosas acusações contra a pessoa Livânia Farias, o que lhe causa surpresa e indignação.

2. Já foi solicitado ao Poder Judiciário acesso ao conteúdo do depoimento que vem sendo divulgado.

3. Que repudia, com absoluta veemência, a leviana insinuação de que um modesto imóvel, localizado na cidade de Sousa, tenha sido adquirido por Livânia Farias com recursos de origem ilícita.

4. Por fim, ressalta que está – e sempre esteve – à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários.

João Pessoa/PB, 09 de março de 2019

SOLON BENEVIDES e SHEYNER ASFÓRA
– Advogados de Livânia Maria da Silva Farias –

Veja abaixo a cobertura do Portal Correio para a Operação Calvário:

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