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Leto Viana abre o jogo para a Polícia Federal; veja depoimento

O ex-prefeito de Cabedelo, Leto Viana, decidiu revelar tudo sobre o funcionamento do esquema envolvendo a compra do mandato do então prefeito Luceninha. Em depoimento à Polícia Federal, ele contou como foi a participação de cada envolvido e os motivos pelos quais as negociações foram feitas. Leto acusa  o empresário Roberto Santiago de ser o financiador de toda a negociação.

VEJA AQUI O DEPOIMENTO

O depoimento foi no dia 9 deste mês. Os desdobramentos fazem parte da Operação Xeque-Mate desencadeada em abril de 2018.No depoimento, Leto não apenas cita nomes de envolvidos como também revela os valores que cada um recebia e por quanto tempo durou o esquema.

O ex-prefeito confessou, ainda, um esquema de salários de servidores e citou nomes dos funcionários que recebiam e repassavam parte de seus honorários.

Leto confirma, por exemplo, a participação do empresário Roberto Santiago – preso este ano – porque, segundo o ex-gestor, ele não queria a construção de um shopping na cidade de Cabedelo, que seria seu concorrente.

Também revela a participação do comunicador Fabiano Gomes, que foi preso ano passado e ficou encarcerado no presídio de Segurança Máxima PB1, além de candidatos a vereador, que inclusive estão na titularidade atualmente, entre eles o atual prefeito Vitor Hugo.

Relembre o caso

primeira fase da Operação Xeque-Mate aconteceu no dia 3 de abril, após a Justiça decretar o afastamento cautelar do cargo de 85 servidores públicos. O prefeito, Leto Viana; o presidente da Câmara Municipal, Lúcio José; e os vereadores Jacqueline Monteiro (esposa de Leto), Tércio Dornelas, Júnior Datele e Antônio do Vale foram presos. Apesar de não ter sido detido, o vice de Leto Viana, Flávio de Oliveira, também foi afastado da gestão.

Em abril, a PF ainda prendeu uma prima de Leto, Leila Viana, que atuava na Secretaria de Finanças do Município; Inaldo Figueiredo, da comissão que analisava imóveis que poderiam ser comprados pela prefeitura; Marcos Antônio Silva dos Santos; Gleuryston Vasconcelos Bezerra Filho; e Adeildo Bezerra Duarte.

A Polícia Federal informou que investigações comprovaram a participação das principais autoridades públicas do município em esquema que teria os ajudado a conquistar patrimônios muito acima do condizente com suas rendas. “Somente na aquisição de imóveis nos últimos cinco anos, verificou-se que um agente político envolvido no esquema movimentou mais de R$ 10 milhões à margem do sistema financeiro oficial”, divulgou a PF.

Também foram detectados funcionários fantasmas da prefeitura e da Câmara Municipal que recebiam salários de até R$ 20 mil e entregavam a maior parte para as autoridades locais, ficando de fato com valores residuais. As investigações ainda constataram doações fraudulentas de imóveis do patrimônio público municipal, bem localizados e de alto valor, para empresários locais sem que houvesse critérios objetivos para a escolha do beneficiado.

Entenda o caso

Deflagrada em abril deste ano, a Operação Xeque-Mate foi motivada, segundo a Polícia Federal, por uma denúncia de que o prefeito Leto Viana teria forçado vereadores a assinarem cartas-renúncia. Caso algum deles votassem contra as intenções da gestão, o documento seria protocolado. Por se arriscarem a assinar as cartas, os vereadores recebiam dinheiro e outros benefícios. Entre as decisões da Câmara alinhadas à vontade do prefeito, estaria o veto à construção de um shopping center na cidade.

Outra negociação investigada aponta que o ex-prefeito de Cabedelo, Luceninha, teria recebido R$ 5 milhões para renunciar ao mandato. As investigações dizem que foi esse esquema que contou com a participação de Fabiano Gomes. Conforme divulgado pela PF, o radialista teria sido uma das pessoas responsáveis por repassar quantias financeiras ao ex-gestor. Na época, Fabiano Gomes disse em nota à impressa que estava “colaborando com as investigações e à disposição dos órgãos competentes”.

Além dessas “trocas de favores” entre empresários, Prefeitura e vereadores, a Operação Xeque-Mate apura que ao menos R$ 30 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos de Cabedelo, a partir do loteamento de cargos fantasmas, doações de terrenos com avaliações fraudadas e utilização de laranjas para ocultação patrimonial.

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