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CG estuda pedir ajuda ao Estado para baratear tarifa de ônibus

O sistema de ônibus de Campina Grande passa por uma crise causada principalmente pela perda de passageiros. É o que dizem de forma unânime a Superintendência de Trânsito e Transportes Público de Campina Grande (STTP), o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Sitrans) e o Sindicato dos Motoristas (Simcof). Entre as alternativas pensadas, a prefeitura estuda pedir ajuda ao Estado para baixar o preço do diesel e reverter a alta na tarifa.

Segundo o superintendente da STTP, Félix Neto, o transporte de Campina Grande não é diferente dos demais do Brasil. Diante do cenário nacional, esse segmento tem dificuldades em todas as cidades na manutenção dos custos operacionais. Em Campina, por exemplo, os problemas vêm ocorrendo desde 2014.

Perda de passageiros

De 2014 até 2019, o número de usuários diminuiu de 35 milhões para 25 milhões, uma perda de 10 milhões de passageiros. Em 2018, a redução foi de 3 milhões.

Algumas questões podem estar causando a perda de passageiros na cidade, como, primeiramente, a segurança pública, uma vez que ocorrem casos de assaltos, abusos e furtos dentro dos transportes coletivos. A Secretaria de Segurança da Paraíba disse no começo deste ano que 2018 fechou com 62 assaltos a ônibus, uma queda de 6% frente aos 66 de 2017.

O segundo ponto destacado por Félix está ligado aos impostos cobrados em relação ao diesel, que tem sido um fator de peso na elevação de custos, o que encareceu a tarifa e também afasta usuários.

Já o terceiro motivo seria o uso de aplicativos e alternativos. Campina Grande tem à disposição aplicativos de transportes, como o Uber; mototaxi; alternativos e ainda os clandestinos. Apesar de apontar isso, o chefe da STTP informou que não tem números que contabilizem uma possível migração de passageiros para outros serviços de transporte. Ele reconhece que serviço de ônibus precisa melhorar.

“Tem sido assustadora a queda de passageiros após o uso de aplicativos [Uber e outros] e também de transportes clandestinos, mas ainda estamos em busca de dados que comprovem essa migração dos usuários para esses transportes. Isso ainda nos leva a outra questão, a necessidade de se ter maior qualidade nos serviços, já que o que nós temos é qualidade em operacionalização,” enfatizou Félix.

Sindicato das Empresas

Conforme o diretor institucional do Sitrans, Anchieta Bernardino, o sistema vem, de forma inquestionável, passando por crise e o motivo principal é o a perda de usuários. “Perdemos milhões de passageiros, ou seja, falta dinheiro. Se estamos perdendo passageiros, não há como suprir toda a demanda. Estamos passando por crise desde que foi licitado suporte e investimento para um número de passageiros que já não é mais o mesmo,” esclareceu.

Sobre a perda, ele também acredita que aplicativos tenham ligação. “Tudo que é fora do sistema de transportes, tira passageiros, mas é importante dizer que também temos o nosso aplicativo e que ele funciona, talvez seja o mais perfeito de todos no país, já que foi reconhecido por isso,” defendeu o diretor.

Sindicato dos Motoristas

Os operadores de ônibus de Campina Grande paralizaram as atividades durante a manhã da quinta-feira (14) em protesto. Segundo o presidente do Sindicato dos Motoristas, Antonino Macedo, os empresários do setor enfrentam dificuldades para fechar a folha de pagamentos e estariam descumprindo acordos firmados em convenção coletiva.

ônibus

Motoristas paralisaram no dia 14 e ameaçam novos protestos do mesmo tipo (Foto: Mayara Oliveira/Portal Correio)

Antonino alertou que o sistema de transporte público de Campina Grande “está falido”, mas que isso não deve ser repassado para os trabalhadores, que permanecem ativos e merecem receber os salários em dia.

Nessa terça-feira (19), em virtude de outro possível protesto de motoristas contra o Sitrans, a STTP ingressou com ação judicial para garantir o funcionamento da frota, ainda que reduzida, para não haver paralisação total das linhas, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil até o limite de R$ 300 mil por descumprimento.

Na paralisação da quinta (14), todas as linhas ficaram paradas dentro e fora do Terminal de Integração por cerca de duas horas.

Operações

Em termos operacionais, em 2018 Campina foi reconhecida por ter a melhor operação de ônibus, isso está relacionado a deslocamento, melhor tempo de viagem, números de trocas de ônibus, investimentos em biometria, tempo real de chegada e partida, ações de asfaltamento nas vias onde passam os transportes públicos, sendo 86% das ruas asfaltadas, horários em tempo real nos painéis dentro do Terminal de Integração, por aplicativo e no Google Maps – Campina foi a sétima cidade do Brasil a disponibilizar esse serviço através do Google.

Na cidade ainda foram implantados 160 abrigos de ônibus novos e a Integração Temporal. Isso está resultando, por dia, segundo a STTP, em um número de 3.455 passagens pela Avenida Floriano Peixoto e pelo Terminal de Integração.

Qual é a solução?

Uma vez que os órgãos alegam situação de crise, é possível, segundo o superintendente, que duas linhas emergenciais possam ser acionadas. A primeira, é a necessidade de discutir com o Estado a redução do imposto para o diesel, para assim conseguir baixar a tarifa de ônibus e tentar assim resgatar passageiros.

O segundo plano, é discutir o compromisso com o Estado para a segurança dentro dos ônibus. “Ainda com relação a nossa parte, da STTP, o que pode ser feito é um estudo sobre a racionalização das linhas, para reduzir em umas e atender uma demanda maior em outras,” finalizou Félix. No ano passado, a STTP já implantou redução de frotas em algumas localidades de Campina.

Números e dados

Dados divulgados no fim do ano passado pela STTP mostram os custos do serviço de transporte de Campina Grande.

  • O combustível representa 27,6%
  • Despesa com pessoal equivale a 28,8%
  • Depreciação dos veículos: 5,6%
  • Peças e acessórios: 7,4%
  • Quilometragem total do sistema é, em média/mês, de 1.213.309 km
  • 859.033 de passageiros pagantes em dinheiro ou cartão (pagam inteira)
  • 782.313 de passageiros com vale transporte
  • 834.341 de estudantes (pagando meia)
  • 758 gratuidades
  • 555 integrações (ou seja, a segunda perna da integração temporal)
  • Número total de passageiros equivalentes (o que vai para a planilha): 22.058.518
  • O sistema de integração temporal em Campina Grande foi lançado em 2013, quando o procedimento só podia ser feito de forma física, ou seja, o usuário tinha que passar por algum terminal de ônibus em pontos específicos da cidade para ter acesso ao benefício
  • A previsão de horário e o trajeto de todas as linhas da cidade podem ser consultados por meio de um aplicativo de celular, do Google ou do site do projeto Ciom.
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