A Prefeitura Municipal de Cabedelo (PMC) entregou, nesta terça-feira (13), ao Grupo Marquise, o alvará de construção do Shopping Pátio Intermares. Com todas as licenças necessárias, o grupo pode, agora, iniciar o empreendimento, que deve gerar cerca de 4,5 mil empregos e movimentar a economia local. O shopping tinha sido barrado em esquema de corrupção investigado na operação Xeque-Mate.
O shopping vai contar com mais de 200 lojas e 1.400 vagas de estacionamento, em um investimento aproximado de R$ 250 milhões, e deverá ter 54 mil metros quadrados, ocupados por lojas, quiosques e outros estabelecimentos comerciais e de serviços.
Já na etapa de construção, o empreendimento deverá gerar cerca de 600 empregos. Quando inaugurado e começar a funcionar, vai proporcionar cerca de 4.500 ocupações. Estima-se que o faturamento anual gire em torno dos R$ 600 milhões, o que proporcionaria uma receita em impostos da ordem de R$ 75 milhões para os cofres públicos de Cabedelo e do Estado da Paraíba.
“Toda parte burocrática que cabe à prefeitura foi resolvida. Fizemos um esforço concentrado para liberar as licenças necessárias, o Grupo Marquise também se esforçou para colocar tudo em ordem e, hoje, finalmente, entregamos o Alvará de Construção. A partir de agora, cabe ao Grupo tornar esse sonho realidade”, disse o prefeito Vitor Hugo.
Deflagrada em abril de 2018, a operação Xeque-Mate foi motivada, segundo a Polícia Federal, por uma denúncia de que o prefeito Leto Viana teria forçado vereadores a assinarem cartas-renúncia. Caso algum deles votassem contra as intenções da gestão, o documento seria protocolado. Por se arriscarem a assinar as cartas, os vereadores recebiam dinheiro e outros benefícios. Entre as decisões da Câmara alinhadas à vontade do prefeito, estaria o veto à construção do shopping na cidade. Leto Viana foi preso nas investigações e é um dos 26 denunciados na operação que apura o esquema de corrupção no Município.
Outra negociação investigada aponta que o ex-prefeito de Cabedelo, Luceninha, teria recebido R$ 5 milhões para renunciar ao mandato. As investigações dizem que esse esquema contou com a participação do radialista Fabiano Gomes. Conforme divulgado pela PF, o radialista teria sido uma das pessoas responsáveis por repassar quantias financeiras ao ex-gestor. Na época, Fabiano Gomes disse em nota à impressa que estava “colaborando com as investigações e à disposição dos órgãos competentes”. Ele foi preso em 23 de agosto de 2018 e solto pouco mais de um mês depois.
O empresário Roberto Santiago, dono dos shoppings Manaíra e Mangabeira, em João Pessoa, também foi investigado, suspeito de participar do esquema para impedir que o estabelecimento fosse construído em Intermares.
Ele teria atuado para negociar a compra do mandato do então prefeito de Cabedelo, Luceninha, e foi preso de forma preventiva em 22 de março deste ano, durante a terceira etapa da operação Xeque-Mate, quando, inicialmente, foi levado para o 1º Batalhão da Polícia Militar, em João Pessoa.
Depois de uma determinação da Justiça da Paraíba, ele foi conduzido para o Presídio de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice, no bairro de Mangabeira, na Zona Sul de João Pessoa, onde está desde 18 de maio deste ano.
Santiago foi solto em 24 de julho deste ano, após determinação de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e vai usar tornozeleira eletrônica, teve contatos restringidos e está proibido de sair de Cabedelo, na Grande João Pessoa. Ele está sob medidas cautelares impostas pela juíza Higyna Josita Simões de Almeida, responsável pela operação Xeque-Mate até agosto.
Além dessas “trocas de favores” entre empresários, prefeitura e vereadores, a operação Xeque-Mate apura que ao menos R$ 30 milhões teriam sido desviados dos cofres públicos de Cabedelo, a partir do loteamento de cargos fantasmas, doações de terrenos com avaliações fraudadas e utilização de laranjas para ocultação patrimonial.